1982
Brasil, Minas Gerais
PublicaçãoIdiomas disponíveis
Português
Colaborador
Leandro Cruz (2017)
Eolo Maia
Éolo de Castro Maia (1942-2002) graduou-se pela Escola de Arquitetura da UFMG em 1967, depois de uma formação inicial na Escola Técnica de Mineração e Metalurgia (1962), na cidade de Ouro Preto, onde passou boa parte de sua juventude. Nascido em Belo Horizonte, costumava declarar que "descobriu a arquitetura nas ruas de Ouro Preto onde morou", o que muitas vezes gera equívocos com relação à sua origem, e retornou à cidade natal em 1963, para estudar na EA-UFMG.
Foi um dos responsáveis por renovação na crítica de arquitetura brasileira, entre os anos 1970-80, ao ajudar a promover maior debate sobre certo esgotamento da arquitetura moderna e maior abertura à interlocução com as referências estrangeiras, o que lhe confere, para alguns historiadores, um papel de destaque na expressão da arquitetura pós-moderna no Brasil. Autor de inúmeros projetos, Maia também foi bastante ativo na participação em exposições e em concursos públicos de arquitetura e urbanismo, além de editor de periódicos, a exemplo de Vão Livre e Pampulha, em parceria com Jô Vasceoncellos e Sylvio de Podestá.
Em "Éolo Maia: Complexidade e Contradição na Arquitetura Brasileira" (2006), Bruno Santa Cecília divide o conjunto da obra do arquiteto em três fases, cujas passagens, poder-se-ia dizer, correspondem a mudanças tanto na abordagem projetual quanto no formato de seus escritórios ao longo de sua trajetória. Os anos 1960-80 são um período de formação e início da prática profissional, muito marcada pela influência da arquitetura moderna e do chamado moderno tardio, tendo como principais referências as obras de Vilanova Artigas, do Le Corbusier da segunda metade do século XX e de Louis Khan. Seu primeiro projeto construído foi a Residência Marcos Tadeu (1966-67), obra que foi premiada pelo IAB-MG em 1970, muito embora Éolo Maia não tenha chegado a receber o prêmio por ter desenvolvido o projeto quando ainda era estudante. O começo da prática profissional propriamente dita se dá com a atuação como Engenheiro de Obras e participando em inúmeros concursos públicos. Os primeiros anos se dividem entre Belo Horizonte e Brasília, onde entra em contato com João Filgueiras Lima (Lelé), e com as experiências em construção a partir de pré-moldados.
Num segundo momento, ao longo dos anos 1980, se dá a efetivação da parceria com Jô Vasconcellos e Sylvio de Podestá, quando se dá a aproximação com os debates da arquitetura pós-moderna e do pós-guerra na Europa, quando se inicia um processo de maior experimentação plástica. Este período coincide com uma ampla difusão da obra de Maia, com exposições individuais ou coletivas, tanto no Brasil quanto no exterior. Dentre elas, destacam-se as exposições individuais na Galeria Memória em Belo Horizonte, em 1976, seguida por outra no CAYC, em Buenos Aires, em 1981. Em 1982, mesmo ano em que publica junto a Jô Vasconcellos e Sylvio de Podestá o livro "3 Arquitetos", circula no país a "Exposição Itinerante de Arquitetura Mineira", organizada pelo IAB-MG e pela revista Pampulha, da qual foi um dos criadores e editores.
A terceira e última fase de sua obra se dá ao longo dos anos 1990, logo em seguida ao desligamento de Sylvio de Podestá do grupo 3 Arquitetos, até o falecimento de Éolo Maia, em 2002. Neste período a liberdade e variedade de referências é ainda maior, mas pode ser entendida como uma continuidade da fase anterior, acrescentando-se agora as referências tomadas das expressões do high-tech e do desconstrutivismo.
Manteve constante interesse em divulgar sua obra e de outros parceiros, afirmando-se como importante articulista do debate crítico no país. Além de Vão Livre e Pampulha, dois períodos bastante influentes entre os anos 1970-80, que ampliaram o debate crítico no país, publicou também, junto a Jô Vasconcellos e Sylvio de Podestá, o Jornal 3 Arquitetos, além de duas versões do livro "3 Arquitetos" (a primeira em 1982; uma nova edição em 1985). Exerceu também a prática de ensino, tendo atuado na EA-UFMG, onde se formou, entre 1993-95 e foi professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da FUMEC, em Belo Horizonte.
Fonte(s)MAIA, Éolo; ROCHA, Silvério. Entrevista: Éolo Maia. Projeto Design, São Paulo, n. 267, mai. 2002. Disponível em <arcoweb.com.br>. Acesso em: 31 jan. 2016.
MAIA, Eolo; VASCONCELLOS, Maria Josefina de; PODESTÁ, Sylvio E. de. 3 arquitetos. Belo Horizonte: Pampulha, 1982.
MAIA, Éolo; VASCONCELLOS, Maria Josefina de; PODESTÁ, Sylvio Emrich de. 3 arquitetos: 1980-1985. Belo Horizonte: Cultura, 1985.
SANTA CECÍLIA, Bruno. Éolo Maia: complexidade e contradição na arquitetura brasileira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil: 1900-1990. 2. ed. São Paulo: EDUSP, 1999.