1974
Brasil, São Paulo
Fato RelevanteIdiomas disponíveis
Português
Colaborador
Lucas Vicente
A construção da linha azul – linha 1 – do metrô de São Paulo
Em meados de 1968, o tão sonhado metrô de São Paulo estava pronto para sair do papel. Em março, o consórcio Hochtief-Montreal-Deconsult (HMD), vencedor da concorrência para a elaboração dos estudos econômicos e do pré-projeto de engenharia da rede, já havia concluído seus trabalhos. Em abril, a Companhia do Metrô de São Paulo foi fundada. Bastava decidir por onde começar as obras.
O projeto desenvolvido pelo consórcio HMD havia proposto a construção de quatro linhas, de traçado semelhante ao das atuais linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 4-Amarela.
Foram identificadas como principais prioridades o descongestionamento do trânsito no centro da cidade e a criação de uma alternativa de coletivo ferroviário para os moradores do corredor norte-sul. A linha que atendia especificamente a essas duas necessidades era a Linha 1-Azul, que iria do bairro do Jabaquara ao Tucuruvi, passando pela Praça da Sé. Em 14 de dezembro, ela começou a ser construída.
Meses depois de iniciadas, as obras desaceleraram por causa de dificuldades financeiras da prefeitura. O atraso, porém, acabou sendo positivo: nesse período, os técnicos do Metrô se dedicaram a conhecer os sistemas metroviários mais modernos do mundo e perceberam que a proposta do HMD já estava defasada em muitos pontos. Um dos casos mais exemplares é o da sinalização das vias. O consórcio havia decidido pela operação manual, com semáforos e bandeirinhas, enquanto nos Estados Unidos já se projetavam sistemas computadorizados. Após muita polêmica, os metroviários convenceram a prefeitura de que a tecnologia mais moderna era também a mais segura.
A decisão levou a outra questão fundamental: importar a tecnologia em pacotes fechados ou absorver o know-how estrangeiro? Novamente se optou pelo caminho mais arrojado. Impulsionada pela política de restrição às importações, em vigor na época, a Linha 1-Azul obteve grau de nacionalização próximo a 70%, inaugurando um novo setor na indústria brasileira.
Destruir a rua, cavar o túnel, levantar as estruturas subterrâneas e recobrir a via. Esses foram os passos básicos do método trincheira, utilizado na construção de vários trechos da Linha 1-Azul. Altamente impactante, a técnica chegou a ser usada em importantes avenidas, como a Jabaquara, transformada numa enorme vala a céu aberto, mas era inadequada a zonas mais delicadas da cidade, como o centro antigo.
Nessas áreas, utilizou-se o Shield, uma broca gigante que trabalha sob a terra, logo apelidada de “tatuzão”. Importado, o equipamento foi recebido com alvoroço no Porto de Santos. Graças a ele, foi possível construir os túneis sob prédios históricos, como o mosteiro de São Bento e o Pátio do Colégio, e perfurar os subterrâneos do coração financeiro da cidade, na Rua Boa Vista, com pouquíssimas conseqüências para o patrimônio e o cotidiano da cidade.
A linha foi inaugurada em 1974. No início das operações, o metrô chegava, ao norte, à Estação Santana. A extensão até o Tucuruvi foi realizada entre 1981 e 1998. Erguidas de acordo com as diretrizes arquitetônicas estabelecidas pelo consórcio HMD, as estações da Linha 1-Azul têm características que as diferem do restante da rede. Como até então não se previa a integração com outros sistemas de transporte, as construções tiveram forte caráter subterrâneo, sendo pouco harmonizadas com o espaço externo. A exceção é a Estação Sé, cuja cobertura transparente permite a entrada de luz natural.
Ao norte, a linha apresenta um trecho elevado. A Estação Armênia, localizada sobre o Rio Tamanduateí, teve seu projeto premiado pelo Instituto de Engenharia de São Paulo, em 1967.
Construídas décadas depois, as estações ao norte de Santana apresentam novidades introduzidas no Metrô no decorrer dos anos. São exemplos as obras de arte, o acesso a deficientes físicos e as estruturas de integração com outros meios de transporte. Destaca-se o projeto da Estação Jardim São Paulo, premiado na “II Bienal Iberoamericana de Arquitectura e Ingenieria Civil de Madrid”.
A linha azul foi inaugurada em 1974. Entre a inauguração do primeiro trecho e o total funcionamento da linha, do Jabaquara a Santana, nos sete dias da semana, das 5h às 24h, passou-se um ano e meio. A implantação gradual serviu para acostumar tanto os usuários quanto os funcionários ao novo sistema, permitindo ajustes na operação.
Fonte(s):
LUCCHESE, CECILIA. A construção da linha azul – linha 1 – do metrô de São Paulo. Disponível em: <http://theurbanearth.net/2009/10/11/a-construcao-da-linha-azul-linha-1-do-metro-de-sao-paulo/>. Acesso em 20 de jul. 2013.
COMPANHIA DO METROPOLITANO DE SÃO PAULO, Disponível em: <http://www.memoriametro.com.br/conteudo.html>. Acesso em 20 de jul. 2013
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