1970
Japão
EventoIdiomas disponíveis
Português
Colaborador
Diego Mauro
Alain Guiheux, 1997:
"Os metabolistas não conseguiram produzir um novo manifesto depois daquele de 1960. A feira de Osaka proporcionou a ocasião de um trabalho em comum: Noboru Kawazoe produziu o ‘conceito' do pavilhão central, Kenzo Tange se ocupou do grande teto, Kurokawa fez os pavilhões Toshiba, Takara e uma cápsula suspensa, Kikutake construiu uma torre tridimensional que executa - para o bem - o desenho da Montreal Tower (1963) de Peter Cook. A Feira de Osaka, onde são convidados - mas apenas para criar as exposições - Archigram, Christopher Alexander, Hans Hollein e Yona Friedman, Moshe Safdie e Giancarlo de Carlo, revela o realismo e a potência da indústria japonesa. No entanto, se algumas realizações excepcionais se seguirão, como a Torre Nagakin e a torre Sony, a Feira de Osaka é o canto do cisne da utopia realizada.A praça central da exposição é coberta por uma estrutura de 150 x 1000 metros, que pretende ser uma atualização do Palácio de Cristal de 1851. (Tange apresenta, dessa forma, os dois projetos lado a lado em um artigo da L'Architecture d'Aujourd'hui). A estrutura tridimensional é concebida pelo engenheiro Kawaguchi e evoca fortemente os desenhos das megaestruturas do Archigram, sob o modelo da Plug-in City (1964), ou aqueles de superposição da cidade existente de Yona Friedman. A distância de 108 metros entre cada apoio, está à altura das obras de arte. A cobertura, uma trama de almofadas infláveis gigantes, também reiterou a sua dívida com os projetos do grupo inglês.
Mas sobretudo, o compartilhamento das ambições é evidente dentro das instalações que contribuem para dar ao lugar uma natureza artificial, composta de ruídos estrondosos e de torres de iluminação, de telas suspensas e plataformas móveis. Esses equipamentos tendem igualmente a serem muito mais presentes que a arquitetura propriamente, que se limita à estrutura da cobertura. O paralelismo com a cidade real se coloca, a produção de objetos e de sinais urbanos tornam-se mais presentes que a arquitetura. É particularmente intrigante ver até que ponto os arquitetos japoneses controlaram suas referências explícitas às correntes européias do grupo do Team X e estabeleceram a passagem da megaestrutura a uma arquitetura informacional e de software intercambiável.
Aqueles que conceberam o ‘Festival Eletrônico' o pensaram como uma base possível de uma cidade por nascer. Tange realizou, em seguida, o sonho ‘archigraniano' de uma Instant City (1967), instalada durante seis meses no Japão. Kisho Kurokawa virá a pendurar sob a estrutura de Tange, sob uma almofada inflável de 10 metros de lado, um cápsula-habitat, dentro de um imaginário muito próximo daquele das estações espaciais que eram tidas então como o habitat do futuro. [...] Os arquitetos imaginavam que a transformação dos elementos pré-fabricados permitiria que cada habitante modificasse seu habitat de acordo com suas necessidades pessoais, mas poderíamos nos perguntar se não se tratava, sobretudo, de uma proposição e uma solução de habitação mínima em um meio extremo, tal como é a grande densidade das grandes metrópoles e do Japão em particular. Ao projeto de habitat mínimo, acrescenta-se uma visão ecológica da produção da moradia que se antecipa à obsolescência ou evolução das necessidades com as células intercambiáveis. Igualmente, o projeto de Kurokawa e aquele de estúdios individuais, agrupados, acelera a desestruturação - sempre tida como pressuposto - da família tradicional.
[...] Para a exposição de Osaka 70, Kurokawa realizou um conjunto de cápsulas dessa vez muito mais imponente, o pavilhão Takara (nome de um produtor de móveis). Esse último é, em 1970, o melhor exemplo do meio de vida metabolista. O conjunto foi instalado em uma semana e não durou mais que o tempo da manifestação. [...] Como em todos os projetos megaestruturais, as estruturas ‘pendentes' sugerem que a edificação vai, assim, se retomar com o surgimento de novas necessidades, preenchendo sua função ‘metabolista'. Depois de dez anos de experimentação, o Metabolismo encontrou sua expressão mais completa nesse projeto que convocava ao prolongamento do processo vital. A megaestrutura foi ocupada pelas exposições e pelas numerosas imagens pop."
Fonte(s): GUIHEUX, Alain. Kisho Kurokawa: le métabolisme 1960-1975. Paris: Centre Pompidou, 1997. Pp. 42-49.
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