Primeira logo criada para o Instituto. Desenho do homem vitruviano Homo ad quadratum et ad circulum (1521), de Cesare Cesariano, sobre o mapa de Mahattan. Esta sobreposição também foi utilizada na capa da edição n. 359-360 (dez. 1971) da revista Casabella, com dossiê especial sobre o IAUS, e Banham faz referência à imagem no título do ensaio "Vitruvius over Manhattan" (1967), onde analisa a exposição "The New City" e o primeiro ano de atividade do IAUS.
Membros e amigos do IAUS em um jantar promovido por Peter Eisenman, por volta de 1974. Arquivo de Suzanne Frank.
Fotomontagem com Membros e amigos do IAUS, publicada na edição n. 359-360 (dez. 1971) da revista Casabella, com dossiê especial sobre o IAUS.
Artigo de Paul Golberger para o jornal The New York Times, em 30 out. 1975, analisando as atividades do IAUS.
Citado por: 1
A direção do IAUS ficou a cargo de Peter Eisenman desde sua criação até 1982 e, nos três anos seguintes, foi repassada entre Kenneth Frampton, Anthony Vidler e Stephen Patterson. Os últimos anos foram marcados por grande instabilidade, em decorrência de desavenças pessoais e da dificuldade em conciliar as agendas de seus membros mais ativos. Após uma longa interrupção, o Instituto foi reaberto em 2003, com um programa dedicado principalmente às atividades de ensino e projeto, por iniciativa de Stan Allen, Elizabeth Diller, Jesse Reiser, Greg Lynn, Julie Bargmann e Kevin Kennon.
Os arquivos do IAUS - que incluem material administrativo e de finanças, registros de atividades e publicações - foram repassados, entre 1994-2003, para o acervo do Canadian Centre for Architecture (CCA). Em 2013 foi lançado o filme "The Making of an Avant-Garde", dirigido por Diana Agrest, onde se discute a importância do IAUS para a cultura arquitetônica e urbanística ao final do século XX. Entre 2015-2016, as atividades do IAUS também foram discutidas na exposição "The Other Architect", organizada pela CCA.
CASABELLA. Milão: Editrice Casabella S.p.A., ano XXXV, n. 359-360, dez. 1971.
EISENMAN, Peter; KOOLHAAS, Rem. Supercrítico: Peter Eisenman, Rem Koolhaas. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
FÖRSTER, Kim. Die netzwerke des Peter Eisenman. ARCH+, Aachen, n. 210, Spring 2013. ARCH+ features 19.
SCHWARTING, Michael. The Institute for Architecture and Urban Studies - 1967. ArcDueCittà, Milão, n. 0, p. 8-13, jul. 2012. Disponível em: <www.arcduecitta.it>. Acesso em: 2 dez. 2012.
The Institute for Architecture and Urban Studies, 1971:
"O The Institute for Architecture and Urban Studies é uma organização independente de pesquisa, projeto e ensino nas áreas inter-relacionadas de arquitetura, projeto urbano e planejamento, aprovada em 1967 pelo Conselho de Regentes da State University of New York. O Instituto começou como um resultado da exposição The New City: Architecture and Urban Renewal, realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York no começo de 1967. Foi encabeçado por um grupo de arquitetos e urbanistas que participaram desta exposição, insatisfeitos com o ensino de arquitetura e urbanismo, assim como em relação ao estado da arte em geral e à prática profissional corrente. Eles sentiam que a formação profissional, com sua ênfase no exercício individual em ateliê, tinha se tornado uma abordagem ultrapassada, tanto como instrumento para a atividade de projeto quanto como método de ensino. Ao mesmo tempo, estavam cientes de que a prática profissional corrente não oferecia um contexto suficientemente aberto, no qual novos conceitos e métodos pudessem ser adequadamente desenvolvidos. Sua defesa era de que os estudantes aprenderiam muito mais participando de pesquisas conduzidas pelo corpo docente, ou em equipes de projeto e planejamento - particularmente, quando essas equipes se dedicassem a grandes projetos urbanos, como os que seriam encomendadas por órgãos públicos. [...]" [p. 100]
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"The Institute for Architecture and Urban Studies is an indipendent [sic] research, design and educational corporation in the interrelated fields of architecture, urban design and planning. It was chartered in 1967 by the Board of Regents of the State University of New York. The Institute was started as an outcome of The New City: Architecture and Urban Renewal Exhibition held at The Museum of Modern Art, New York, early in 1967. It was initiated by a number of architects and planners who participated in this exhibition and who were as dissatisfied with the state of architectural and planning education as they were with the state of the art in general and with the usual form of professional practice. They felt that graduate education, with its emphasis on the individual studio exercise, had become an invalid approach both as a vehicle for design activity and as a method of education. At the same time they were aware that current professional practice did not provide a sufficiently open context in which new concepts and methods could be adequately developed. Their contention was that graduate students would learn far more through participating in 'faculty' led research, design and development teams; particularly when these teams addressed themselves to comprehensive urban design tasks, such as would be commissioned by public agencies. [...]"
THE INSTITUTE FOR ARCHITECTURE AND URBAN STUDIES. The Institute for Architecture and Urban Studies. Casabella, Milão, ano XXXV, n. 359-360, dez. 1971, p. 100-102, tradução nossa.
"AB [...] Há mais ou menos dez anos você começou com a ideia de um instituto, uma escola distinta de todos os outros núcleos ou faculdades, que poderia ser livre-pensante e independente. Isso permite que não apenas você, mas que muitas outras pessoas trabalhem como você deseja. A equipe de funcionários e os estudantes podem se inserir, assim como você faz, direto no meio nova-iorquino. Com suas publicações e outras atividades, você também opera num nível mais internacional. Seria muito interessante para nós, em Londres, que não sabemos muito sobre a história e os objetivos do instituto, ouvir mais de você sobre isso.
PE O instituto tem cerca de sete ou oito anos. Acho que devo contar uma pequena história pessoal aqui, se me permitem. Ele foi certamente elaborado como um meio de satisfazer minhas próprias necessidades. Não envolvia nenhuma noção institucional polêmica ou revolucionária, mas foi criado para me ajudar a superar as contradições que encontrei na minha própria vida e experiência pessoal. Isso começou quando vim para a Inglaterra em 1960, onde passei três anos em Cambridge e com frequência em bancas na AA.
Percebi que a arquitetura era um modo de vida na Inglaterra naqueles dias, não apenas para os arquitetos, mas para o público mais amplo, que era em geral bastante interessado. Havia colunas nos jornais e também certo nível de crítica e discussão tanto em Cambridge quanto em Londres. Era uma discussão informada, ainda que num nível geral. E penso que isso se devia em parte ao fato de que os arquitetos viam a arquitetura como modo de vida. Não se tratava apenas do projeto de um edifício, não era apenas uma profissão, algo a ser ensina: o ou codificado. Era um modo de existir.
Isso é algo muito diferente do que havia (ou do que eu achava que havia) nos Estados Unidos, onde a arquitetura foi concebida como uma profissão, como algo útil. Nos Estados Unidos, a arquitetura é considerada uma atividade útil dirigida para algo que Colin Rowe sempre chamou de 'boa vida'. Os Estados Unidos são um lugar onde os edifícios são meros artefatos da boa vida, em vez de ter alguma ligação com a noção mais ampla de uma sociedade justa." [p. 152-154]
EISENMAN, Peter; BOYARSKY, Alvin. O instituto na teoria e na prática: Peter Eisenman. Mediado por Alvin Boyarsky. Estúdio de televisão da AA, Londres, 20 de janeiro de 1975. In: EISENMAN, Peter et al. Supercrítico: Peter Eisenman, Rem Koolhaas. São Paulo: Cosac Naify, 2013. p. 151-159.
"Foi fundado originalmente como um centro de pesquisa afiliado ao Museum of Modern Art e, apesar de uma série de contratos de planejamento que recebeu de agências governamentais, ganhou a reputação como uma organização afastada das preocupações cotidianas da prática arquitetônica." [p. 41]
"Mais importante ainda, o instituto se tornou a coisa mais próxima de um constante fórum arquitetônico em Nova York. É onde a maioria dos visitantes estrangeiros, sejam eles estudiosos ou arquitetos praticantes, parecem se reunir quando chegam a Nova York, e é o único centro de arquitetura no mundo onde o corpo estudantil vai desde estudantes do nono período até pesquisadores de pós-doutorado." [p. 41]
"Todo esse sucesso do instituto, no entanto, tem um preço, pelo menos de acordo com alguns críticos.O instituto foi concebido originalmente para integrar as funções de pesquisa, projeto e ensino, como um meio de criar uma nova espécie de ambiente educacional para o ensino de arquitetura, reunindo exercícios de ateliê com experiência prática em pesquisa urbana.
Ainda que muitos dos programas do instituto sejam resultado da combinação trabalho-estudo, ele se tornou basicamente um centro de ensino; e a ideia de um lugar no qual os alunos fariam sua própria aprendizagem no meio da instituição de pesquisa parece nunca ter funcionado." [p. 77]
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"It was founded originally as a research organization affiliated with the Museum of Modern Art, and in spite of a number of planning contracts it received from government agencies, it gained the reputation as an organization far removed from the day‐to‐day concerns of architectural practice." [p. 41]
"Most importantly, the institute has become the closest thing New York has to an ongoing architectural forum. It is where most overseas visitors, both scholars and practicing architects, seem to congregate when they arrive in New York, and it the only center of architectural education anywhere where the student body ranges from the ninth grade through postdoctoral scholars." [p. 41]
"All of this success at the institute has come at a price, however, at least according to some critics. The institute was originally conceived to combine research, design and teaching functions as a means of creating a new kind of educational environment for the teaching of architecture, typing studio exercises with practical experience in urban research.
[B]ut while a number of the institute programs are work‐study combinations, the organization has become chiefly a teaching center, and the idea of a place in which students would do their own learning in the midst of research institution seems never to have worked out." [p. 77]
GOLDBERGER, Paul. Midtown architecture institute flowering as a student Mecca. The New York Times, Nova York, p. 41; 77, 30 out. 1975, tradução nossa. Disponível em: <www.nytimes.com>. Acesso em: 2 dez. 2016.
"Embora seja errado sugerir que o IAUS estava destinado a assumir, frente aos modos de produção estabelecidos, posições mais radicais do que aquelas que prevaleciam nas faculdades de arquitetura de onde vieram seus primeiros alunos, o grupo de 'Membros' reunido por Eisenman incluiu um número de intelectuais estrangeiros (Frampton, Ambasz e, mais tarde, Gandelsonas e Agrest) com distintos pontos de vista críticos. De fato, a principal qualidade do IAUS tem sido sua capacidade de reunir durante certos períodos os representantes de uma intelligentsia não-americana e de oferecer-lhes um fórum aberto para o debate ideológico. Isso é algo que nem o MOMA nem qualquer instituição universitária foi capaz de oferecer." [p. XXXIX]
"A genealogia de instituições recentes que traçamos a partir do MoMA ou de suas famílias patrocinadoras - sejam elas de caráter político (a UDC [Urban Development Corporation], a UDG [Urban Design Group]) ou mais especificamente cultural (IAUS, Oppositions) - visa a apontar o ambiente social hermético, quase incestuoso, que os arquitetos frequentam. (A tradição remonta a muitas gerações.) As atividades desses jovens arquitetos que se destacam proeminentemente dentro desse sistema de relações fechadas têm feito muito pouco ou nada para transformar as formas essenciais de produção, de modo a que se pudessem criar novos valores culturais ou re-definir o papel do arquiteto em relação às grandes massas da sociedade. [...]
Em vez disso, essa minoria das minorias que os arquitetos de Nova York constituem tem, em grande medida, consentido com, ou continuado a ampliar ativamente o abismo econômico e social que separa as classes dirigentes da população pobre recém-urbanizada". [p. XXXIX]
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"Although it would be erroneous to imply that the IAUS was destined to assume more radical positions vis a vis the established modes of production than the positions that prevailed in the architectural faculties from which they drew their first students, the group of 'Fellows' assembled by Eisenman included a number of foreign intellectuals (Frampton, Ambasz, later to be joined by Gandelsonas and Agrest) with distinctly different critical points of view. In point of fact, the IAUS's principal attribute has been its capacity to bring together for limited periods the representatives of a non-American intelligentsia and to offer them an open forum for ideological debate. This is something that neither the MOMA nor a university faculty was able to provide." [p. XXXIX]
"The genealogy of recent institutions, political (the U.D.C. [Urban Development Corporation], the U.D.G. [Urban Design Group]) or more specifically cultural (IAUS, Oppositions), that we have traced down from the MOMA or its family patrons is intended to point up the hermetic - one could almost say incestuous - social milieu architects have frequented. (The tradition goes back many generations.) The activities of those younger architects who figure prominently within this system of closed relationships have done little or nothing to transform the essential forms of production in a way that might create new cultural values, or might re-define an architect's role in relation to the masses of society. [...]
Instead, this minority of minorities that New York architects constitute has by and large acquiesced, or continued to actively widen the economic and social gulf separating the ruling sell-interested classes from the newly urbanized poor." [p. XXXIX]
TAYLOR, Brian Brace. Self-service skyline. L'Architecture d'Aujourd'Hui, Paris, n. 186, p. XXXVIII-XXXIX; 42-46, ago./set. 1976, grifos do autor, tradução nossa.
"Em meados dos anos 1970 as vanguardas da arquitetura estadunidense e italiana - mais especificamente Nova York e Veneza - experimentaram uma significativa atração recíproca. Duas publicações seminais tinham aparecido em 1966 - Complexidade e Contradição em Arquitetura, de Robert Venturi, e A Arquitetura da Cidade, de Aldo Rossi. Na época, foram eventos independentes; o fato de que o pós-modernismo teve seus principais arautos nos Estados Unidos e na Itália foi, em grande medida, um resultado de diferentes condições históricas. Um melhor prognóstico da relação transatlântica que viria a ocorrer veio das peregrinações de Peter Eisenman aos edifícios de [Giuseppe] Terragni em Como, no início da década de 1960, acompanhado por Colin Rowe no papel de Virgílio. Assim o mais ambíguo dos racionalistas italianos entrou para a genealogia dos New York Five, agrupados em torno de Eisenman em 1969. E ainda em 1973, quando Rossi, o responsável da seção internacional de arquitetura da XV Trienal de Milão, incluiu o modernismo tardio amaneirado dos Five numa exposição intitulada Architettura razionale, os argumentos por uma tendenza em escala mundial pareciam superficiais, quando não contraditórios." [p. 57]
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"In the mid-1970s the vanguards of American and Italian architecture, more specifically New York and Venice, experienced a consequential attraction for each other. Two seminal publications had appeared in 1966 - Robert Venturi's Complexity and Contradiction in Architecture and Aldo Rossi's L'architettura della città. At the time these were unrelated events; that postmodernism had its major heralds in America and Italy was largely a function of different historical conditions. More anticipatory of the transatlantic relationship to occur were Peter Eisenman's pilgrimages to Terragni's buildings in Como in the early 1960s, accompanied by Colin Rowe in the role of Virgil. The most ambiguous of the Italian rationalists thus entered into the genealogy of the New York Five, formed around Eisenman in 1969. Still, in 1973, when Rossi, in charge of the international architecture section at the XV Milan Triennale, included the mannered late modernism of the Five in an exhibition entitled Architettura razionale, the case for a worldwide tendenza seemed superficial, if not contradictory."
OCKMAN, Joan. Venezia e New York = Venice and New York. Casabella, Milão, ano LIX, n. 619-620, p. 56-71, jan./fev. 1995, grifos da autora, tradução nossa.
"A institucionalização da teoria arquitetônica se evidencia na fundação de dois centros de estudos independentes em Nova York (1967-85) e Veneza (1968-), ambos responsáveis por intensa atividade editorial. Com uma missão semelhante à AA - London Architectural Association, fundada em 1847, o cosmopolita IAUS - Institute for Architecture and Urban Studies, de Manhattan, organizou cursos, palestras, simpósios, mesas redondas e exposições. Tal como a AA e o Instituto de Veneza, o IAUS foi criado por uma comissão de arquitetos (presidida por Peter Eisenman) contrários ao sistema vigente de ensino de arquitetura, que na Inglaterra e na Itália é estatal. O IAUS publicou um boletim informativo, Skyline, duas revistas, Oppositions e October, e uma série de livros com o selo da Oppositions. Fez parte dessa série de vida curta a influente tradução para o inglês de L'Architettura della città, de Aldo Rossi em 1982 (o original italiano data de 1966). A forte ênfase do Instituto no discurso e disseminação da teoria foi típica do período pós-moderno. (O CIAU - Chicago Institute for Architecture and Urbanism [Instituto de Arquitetura e Urbanismo de Chicago] ressuscitou o modelo do IAUS, entre 1987 e 1994, quando as fontes de financiamento minguaram.) Uma das contribuições mais importantes do IAUS foi ter apresentado ao público norte-americano arquitetos e teóricos europeus, muitos dos quais influenciados por paradigmas linguísticos. Apesar de o IAUS não ter nenhuma ligação oficial com o Instituo de Veneza, pode-se dizer que as duas organizações tinham muitas questões em comum." [p. 23-24]
NESBITT, Kate. Introdução. In: NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica 1965-1995. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2008, p. 15-87, grifos da autora.
"Foster: Então algumas partes do projeto modernista pareciam completamente adequadas, enquanto outras eram recém-redescobertas; havia o enorme problema de uma cultura consumista em ascensão, que reposicionava a arquitetura de modo dramático; e você também passou por uma forte politização. Como você mediou estas diferentes forças, enquanto se mudava de Princeton para a Columbia e para o Institute of Architecture and Urban Studies? Que posições começaram a ser articuladas naquele momento?
Frampton: Para mim é difícil caracterizar aquele momento. O centro era aquela estranha e desarranjada família que Eisenman, com seu carisma, conseguiu reunir em torno de si: Mario Gandelsonas, Diana Agrest, eu, Tony Vidler e, um pouco depois, Kurt Foster. Ainda que nem todos fôssemos europeus, também certamente não éramos todos americanos. Eisenman montou uma espécie de círculo internacional, o que de certo modo sempre foi sua intenção. Logo quando cheguei em Princeton, ele organizou um grupo chamado CASE, Committee of Architects for the Study of the Environment [Comitê de Arquitetos para o Estudo do Ambiente]. Era um grupo bastante inclusivo que realizava uma série de seminários de fins-de-semana bem animados e um tanto confusos. Eisenman ficou desapontado comigo porque eu não me tornei, assim como ele queria, no 'Siegfried Giedion do grupo' - uma ingenuidade por cima da outra. Depois nos entendemos novamente e, em 1972, comecei a me envolver com o Institute for Architecture and Urban Studies em Nova York. Demos início ao periódico Oppositions a partir desse estranho amálgama da semiótica francófila de Agrest e Gandelsonas, do emergente tafurianismo de Vidler, das predileções formalistas de Einseman e do meu ressuscitado socialismo. Na primeira edição eu publiquei o ensaio ‘Industrialization and the Crisis of Architecture' (1973) que foi, de certo modo, uma tentativa ingênua de adotar uma abordagem benjaminiana para o fenômeno histórico, algo que eu persegui em História Crítica da Arquitetura Moderna." [p. 42]
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"Foster: So some parts of the modernist project seemed completely appropriated, while other parts were newly rediscovered; there was the enormous problem of a rampant consumer culture, which repositioned architecture dramatically; and you also undergo a powerful politicization. How did you mediate these different forces as you moved from Princeton to Columbia and the Institute of Architecture and Urban Studies? What positions began to be articulated at that point?
Frampton: That moment is difficult for me to characterize. It was centered on the strange displaced family that Eisenman, through his charisma, gathered around himself: Mario Gandelsonas, Diana Agrest, myself, Tony Vidler, and, somewhat later, Kurt Forster. While we're not all Europeans, we're certainly not Americans. Eisenman made this kind of international coterie, which in a sense had always been his intention. When I first went to Princeton, he organized a group called CASE, Committee of Architects for the Study of the Environment. It was a rather inclusive group that held a number of hot, fairly confused weekend seminars. Eisenman was disappointed in me because I wouldn't become, as he put it, ‘the Siegfried Giedion of the group' - one naiveté laid on top of another there. Later we repaired our split, and in 1972 I became involved with the Institute for Architecture and Urban Studies in New York. We started the journal Oppositions out of this strange amalgam of Agrest and Gandelsonas's Francophile semiotics, Vidler's emerging Tafurianism, Eisenman's formalist predilections, and my own born-again socialism. In the first issue I published the essay ‘Industrialization and the Crisis of Architecture' (1973), which was a somewhat naive attempt to adopt a Benjaminian approach to historical phenomena, which I then pursued in Modern Architecture."
FRAMPTON, Kenneth; ALLEN, Stan; FOSTER, Hal. A conversation with Kenneth Frampton. October, Cambridge, v. 106, p. 35-58, set./dez. 2003, grifos dos autores, tradução nossa.
"Em 1976, Matta-Clark foi convidado a participar de uma exposição coletiva no edifício do Institute for Architecture and Urban Studies (Iaus), dirigido por Peter Eisenman, considerado o templo da arquitetura nova-iorquina de então. Expondo fotos de prédios com vidros estilhaçados em áreas violentas do Bronx, o artista quebrou inadvertidamente todas as janelas do Instituto durante a noite que antecedia a inauguração do evento, numa ação extremamente polêmica, que chamou de Window blow-out. Trata-se de uma das obras pioneiras de crítica institucional, em que o artista coloca em xeque o conteúdo simbólico da própria organização que o suporta. Através dessa metáfora é como se a arte, ao ter definitivamente invadido o espaço do mundo comum, antes 'território' da arquitetura, quisesse incutir nela a sua crise, tentando arrastá-la para uma 'morte' a dois. Morte que, no entanto, nada mais é do que um renascimento. Nem arte, nem arquitetura stricto sensu, a partir de então. Mas sim, aquilo que Rosalind Krauss chamou de 'campo ampliado': ações críticas no espaço que já não se encerram em campos disciplinares puros e autônomos. Atividades contaminadas pela heterogeneidade imperfeita do mundo real, da qual elas são ao mesmo tempo parte e contraponto." [p. 196-197]
WISNIK, Guilherme. Arquitetura arruinada. Novos Estudos - CEBRAP, São Paulo, n. 87, p. 193-197, jul. 2010, grifos do autor. Disponível em: <www.scielo.br>. Acesso em: 30 nov. 2016.
"Quando se estuda a história social, intelectual e cultural do Institute for Architecture and Urban Studies [...], não se pode deixar de mencionar a contribuição de Massimo Vignelli. Começando em 1973 e seguindo até o fechamento do Instituto em 1985, Vignelli foi responsável pelo design gráfico não apenas da revista Oppositions, mas também de suas outras publicações e impressos, incluindo cartazes, material de escritório e catálogos. É evidente que a identidade gráfica criada por Vignelli influenciou o modo como o Instituto se apresentava e como ele era percebido. No entanto, surpreende o fato de que Vignelli, olhando em retrospecto, caracteriza o Instituto como uma invenção comunicativa.
Desde o começo - quando era afiliado ao Museum of Modern Art e contava com o apoio da Cornell University - o Instituto estava ciente da necessidade de uma identidade gráfica que fosse coerente e reconhecível e de uma estratégia de relações públicas. Nos primeiros anos, o visual gráfico foi criado internamente. Logo nos primeiros anos, toda a parte gráfica era criada no próprio Instituto; o homo ad quadratum vitruviano era usado como logotipo e estampava panfletos, cartazes, camisetas e até mesmo portas. Antes da chegada de Vignelli, membros e amigos do Instituto desenharam pôsteres (Emilio Ambasz), capas para relatórios de pesquisa (Robert Slutzky) e catálogos de exposições (Kenneth Frampton). Para os panfletos, material de papelaria e cartazes, a fonte escolhida foi a Helvetica (ela já tinha sido introduzida nos Estados Unidos pela Unimark, a empresa para a qual Vignelli tinha trabalhado)."
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"Studying the social, intellectual and cultural history of the Institute for Architecture and Urban Studies [...] you can't overlook the contribution of Massimo Vignelli. From 1973 on, until the Institute's closing in 1985, Vignelli was responsible for the graphic design not only of its journal Oppositions but also of its other publications and various printed matter, including posters, stationery and catalogues. Certainly the graphic identity that Vignelli created influenced how the Institute presented itself and how it was perceived. Still, it is somewhat surprising that in retrospect Vignelli characterizes the Institute as a communicative invention.
From its earliest days - when it was affiliated with the Museum of Modern Art and supported by Cornell University - the Institute was aware of the need for a coherent and recognizable graphic identity and for a public relations strategy. In the very early years, the graphic look was created in-house; the Vitruvian homo ad quadratum was used for the logo and featured on leaflets, posters, t-shirts and even doors. Before Vignelli, Institute fellows and friends designed posters (Emilio Ambasz), covers for research reports (Robert Slutzky) and exhibition catalogues (Kenneth Frampton). On pamphlets, stationery and posters, Helvetica was the typeface of choice (it had earlier been introduced in the United States by Unimark, the graphic firm Vignelli had worked for)."
FÖRSTER, Kim. Massimo Vignelli: Oppositions, Skyline and the Institute. Places Journal, San Francisco, set. 2010, grifos do autor, trad. nossa. Disponível em: <placesjournal.org>. Acesso em: 2 dez. 2016.
"O penúltimo episódio do filme The Making of an Avant-Garde reflete sobre o fim do IAUS, que se deu logo depois da saída de Peter Eisenman em 1982. O próprio Eisenman afirma que dirigir o Instituto por 15 anos era demais para ele, que ele simplesmente precisava se dedicar a outras atividades, como cuidar de seu escritório. Frampton assumiu o cargo de diretor em 1982, Vidler em 1983 e Stephen Patterson em 1984 até o fechamento do Instituto em 1985. É evidente que Eisenman não tinha se esforçado muito em construir uma instituição sustentável, também não deixou preparada uma nova geração que tomasse conta do lugar. Ken Frampton é mais direto ao afirmar que Eisenman não queria que o Instituto se mantivesse, que ele tentou 'matar o filho' quando saiu. Outros depoimentos no filme sugerem que a virada conservadora nos Estados Unidos e a onda do capitalismo desregulado (e dos preços dos imóveis) nos anos Reagan tornaram a cidade de Nova York menos acolhedora para a vanguarda. Cabe a Barbara Jakobson apontar o óbvio, declarando que, no final das contas, arquitetos 'gostam de criar coisas' e se a crise econômica dos anos 1970 restringiu sua criatividade a projetos teóricos no papel, todo o dinheiro infundido em Nova York nos anos 1980 gerou oportunidades de construção às quais esses caras se agarraram."
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"The penultimate episode of The Making of an Avant-Garde meditates on the demise of the IAUS, which happened swiftly after Peter Eisenman's exit in 1982. Eisenman himself says that 15 years of running the Institute was too much, and that he simply had to move on to other pursuits, like tending to his practice. Frampton took over as director in 1982, Vidler in 1983, and Stephen Patterson in 1984 until the Institute's closure in 1985. Clearly Eisenman had not expended much effort on sustainable institution building, nor had he nurtured a next generation to take over the place. Ken Frampton is more direct in stating that Eisenman did not want the Institute to survive; that he tried to 'kill the baby' when he left. Others in the film suggest that the conservative turn of the country and the surge of deregulated capitalism (and real estate prices) in the Reagan years somehow rendered New York City less hospitable to the avant-garde. It falls to Barbara Jakobson to point out the obvious; that, at the end of the day, architects 'like to make things,' and while the economic slump of the 1970s had restricted their creativity to theoretical projects on paper, the lucre that infused New York City in the '80s produced opportunities to build that these guys grabbed."
FREEMAN, Belmont. 'The moment for something to happen'. Places Journal, San Francisco, jan. 2014, grifo do autor, tradução nossa. Disponível em: <placesjournal.org>. Acesso em: 2 dez. 2016.
"Ficou claro, sobretudo depois de 11 de setembro de 2001, que há uma renovação de interesse quanto ao impacto crítico da forma construída, como ela é vivenciada, mediada, lembrada e imaginada em nosso cotidiano. Existe a necessidade de um centro de debates independente e multidisciplinar para questionar, provocar, debater, experimentar, explorar e repensar o futuro da metrópole."
"Há aqueles que defendem que vivemos numa Era 'Pós-Teórica'. Isto não quer dizer que a teoria esteja morta, e sim que há um sentimento crescente de que a teoria não pode se divorciar da prática. Um grupo de jovens arquitetos - Stan Allen, Liz Diller, Jesse Reiser, Greg Lynn, Julie Bargmann e Kevin Kennon - juntaram-se por conta de uma crença comum no valor essencial da inter-relação entre teoria e prática. Com repertórios diversos em projeto urbano, projeto da paisagem, recuperação de áreas poluídas, arquitetura comercial e institucional, arte e novas mídias, estes seis arquitetos acreditam que a cultura arquitetônica moribunda de hoje precisa de um novo Institute for Architecture and Urban Studies."
"Nosso objetivo é manter vivo o espírito de improvisação que fez do Instituto, em seu apogeu, uma Meca para jovens arquitetos e críticos como Peter Eisenman, Rem Koolhaas, Aldo Rossi, Charles Gwathmey, Frank Gehry, Diana Agrest, Mario Gandelsonas, Rafael Moneo, Robert Stern, Bernard Tschumi, Michael Graves, Richard Meier, Kenneth Frampton, Manfredo Tafuri e Anthony Vidler, entre outros. Entretanto, este é um novo Instituto para uma geração nova e um tempo novo. Enquanto o Instituto original ajudou a moldar grande parte do discurso teórico autônomo que dominou a cultura arquitetônica nos últimos 30 anos do século XX, o novo Instituto estará mais engajado com as questões pragmáticas de hoje. O novo Instituto estará concentrado em teoria aplicada e pesquisa, utilizando tecnologia de ponta e uma abordagem interdisciplinar. Investigações sobre métodos e materiais levarão a novas descobertas e iluminarão as condições do ambiente construído, dos eventos e das redes sociais que influenciam a maneira como vivemos, trabalhamos e atuamos na cidade de ontem, hoje e amanhã ".
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"It has become clear, especially after September 11, 2001 that there is a renewal of awareness as to the critical impact of built form, how it is experienced, mediated, remembered and imagined on the quality of our daily lives. There is a need for an independent multidisciplinary think tank to question, provoke, debate, experiment, explore, and rethink the future of the metropolis."
"There are those who argue that we live in a 'Post-Theoretical' Era. This is not to say theory is dead, but rather that there is a growing sentiment that theory cannot be divorced from practice. A group of young architects Stan Allen, Liz Diller, Jesse Reiser, Greg Lynn, Julie Bargmann and Kevin Kennon have come together because of a shared belief in the essential value of the inter-relationship between theory and practice. With diverse backgrounds in urban design, landscape design, environmental land reclamation, commercial and institutional architecture, art, and new media, these six architects believe the current moribund architecture culture necessitates a new Institute for Architecture and Urban Studies."
"Our goal is to keep alive the improvisational spirit that made the Institute at its apogee a mecca for then young architects and critics like Peter Eisenman, Rem Koolhaas, Aldo Rossi, Charles Gwathmey, Frank Gehry, Diana Agrest, Mario Gandelsonas, Rafael Moneo, Robert Stern, Bernard Tschumi, Michael Graves, Richard Meier, Kenneth Frampton, Manfredo Tafuri and Anthony Vidler, among others. Yet this is a new Institute for a new generation and a new time. While the original Institute helped shape much of the autonomous theoretical discourse that dominated architectural culture in the last 30 years of the 20th century, the new Institute will be more engaged with the pragmatic issues of today. The new Institute will concentrate on applied theory and research by utilizing new technology, and a cross-disciplinary approach. Investigations into methods and materials, will guide new discoveries and illuminate the conditions of the built environment, mediated events and social networks that influence the way we live, work and play in the city of yesterday, today and tomorrow."
THE INSTITUTE FOR ARCHITECTURE AND URBAN STUDIES. The Institute for Architecture and Urban Studies. [Panfleto]. Nova York: Institute-NY, [2009], tradução nossa. Disponível em: <institute-ny.org>. Acesso em: 9 mar. 2014.
"Apelidados de 'Cinzentos' [Grays] pelos críticos, devido à tonalidade descorada que os exteriores de pinho Douglas adquiriam quando expostos aos elementos, Venturi, Moore e seus seguidores seriam considerados os criadores de um novo 'Shingle Style', alusão à arquitetura residencial da segunda metade do século XIX então sendo redescoberta por Scully. Todavia, não iria tardar que, às suas pesquisas, se opusessem aquelas dos 'Brancos' [Whites], jovens arquitetos nova-iorquinos ansiosos por reviver as teorias e formas do modernismo radical da década de 1920 e que vão constituir a facção elitista da oposição à arquitetura dos grandes escritórios. Como muitos outros, eles estavam fascinados pelas ideias do arquiteto e historiador britânico Colin Rowe, então lecionando na Universidade de Cornell, no norte do estado de Nova York, e cujas análises da transparência 'literal' e 'fenomenal' tinham sido formuladas em parceria com o pintor Robert Slutzky em meados da década de 1950, na Universidade do Texas em Austin. [...]
Entre os Brancos, o arquiteto mais teoricamente motivado é Peter Eisenman, que examina os projetos-chave do modernismo sem considerar sua dimensão social e política, purgados desses contextos, para extrair deles estratégias formais que só raramente pôde concretizar. [...] Em 1967, funda o Institute for Architecture and Urban Studies (IAUS) em Nova York, local deliberadamente à margem das escolas tradicionais, destinado ao debate teórico e crítico e a projetos experimentais. Seu papel foi essencial par a construção de um enfoque mais intelectual da arquitetura." [p. 396-400]
COHEN, Jean-Louis. O futuro da arquitetura desde 1889: uma história mundial. São Paulo: Cosac Naify, 2013.