
Capa do catálogo "Leon Krier: Drawings, 1967-1980" (1980), onde foi publicado o texto "The Reconstruction of the European City".

Página de abertura do texto "The Reconstruction of the European City", publicado em "Léon Krier: Drawings, 1967-1980" (1980).
Citado por: 1
A Carta se inicia com uma reflexão sobre "Desenvolvimento e Progresso", numa declaração de crise da modernização. Em uma espécie de inventário das conseqüências negativas geradas pela sociedade industrial, o zoneamento funcional da cidade moderna aparece como um dos vilões da deterioração das cidades. Em seguida, são apontadas as soluções que, de modo geral, recorrem à valorização das formas, estilos e formas de produção tradicional, conclamando, ao final do texto, por uma nova cultura arquitetônica, que passaria por uma reestruturação da geração de novos arquitetos e das escolas de arquitetura. As bases políticas e ideológicas da "Carta de Reconstrução da Cidade Europeia" encontram-se no movimento da "Resistência Antiindustrial", que se desenvolveu na Europa nos anos 1970. Os arquitetos e intelectuais participantes do movimento atuavam basicamente na realização de pesquisas teóricas e nas atividades docentes, que tinham a Escola de Arquitetura La Cambre como centro dos debates e os Archives d'Architecture Moderne (AAM) como principal veículo de divulgação.
Ainda em 1980, a defesa de Krier pela "Reconstrução" da cidade europeia também foi apresentada durante a I Bienal de Arquitetura de Veneza, tanto no catálogo da Bienal, onde se publica uma versão reduzida de "The Reconstruction of the European City", quanto na exposição paralela "Contreprojets-Controprogetti-Counterprojects", organizada por AAM, para a qual também foi publicado um catálogo com um texto de Krier. Outra versão do texto foi incluída no catálogo da exposição "Léon Krier: La Ricostruzione della Città Europea" (1980), realizada no Museo di Castelvecchio em Verona. Revisões posteriores são encontradas em edições das revistas Architectural Design (v. 54, n. 11-12, 1984) e UIA - International Architects (n. 7, 1985) e no periódico eletrônico Il Covile, em 2011.
ELLIN, Nan. Postmodern urbanism. Cambridge; Oxford: Blackwell, 1996.
KRIER, Léon. The reconstruction of the European city. In: ARCHIVES D'ARCHITECTURE MODERNE; KRIER, Léon. Leon Krier: drawings, 1967-1980. Bruxelas: AAM, 1980. p. XXV-XXXI.
KRIER, Léon et al. La déclaration de Palerme. In: BARREY, André. Déclaration de Bruxelles: propos sur la reconstruction de la ville européenne. Bruxelas: Éditions des Archives d'Architecture Moderne, 1980. p. 20-21.
SOUZA, Gisela Barcellos de. De los desarrollos de la unidad de vecindad: el espacio comunitario en la ciudad policéntrica de Léon Krier. Bitácora Urbano/Territorial, Bogotá, v. 1, n. 10, p. 7-26, jan./dez. 2006.
SOUZA, Gisella Barcellos de. A repetição operativa no discurso do "Novo Urbanismo Europeu". Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 13, n. 14, p. 95-108, dez. 2006.
Léon Krier, 1980:
"DESENVOLVIMENTO E PROGRESSO
O mito do progresso técnico ilimitado e o desenvolvimento industrial levaram os países mais ‘DESENVOLVIDOS' à beira do esgotamento físico, cultural e ecológico. A busca desenfreada pelo lucro imediato e o império do dinheiro devastaram as cidades e o campo.
As formas industriais de produção, ou seja, o desenvolvimento extremo das forças e meios produtivos, destruíram em menos de duzentos anos as culturas e tradições, cidades e paisagens que tinham sido o resultado de milhares de anos de inteligência e trabalho humano, de cultura e inventividade. E agora elas corroem os próprios recursos e os valores humanos fundamentais sem os quais a humanidade não pode viver nem sobreviver.
[...]." [p. XXV]
"ZONEAMENTO, MOBILIDADE SOCIAL, CONSUMO DE ENERGIA
O Zoneamento Funcional baseado na expansão territorial infinita resultou em um consumo de energia extremo. A consequência mais evidente do zoneamento funcional é a de que ele garante o consumo máximo de unidades de tempo, energia e equipamento na realização de todas as funções urbanas, sejam elas maiores ou menores.
[...]
Uma política inteligente de consumo de energia é possível apenas quando se integram as principais funções urbanas em bairros (DISTRITOS) de extensão territorial limitada.
Se a política de economia de energia não reconhece esta condição, ela está condenada a adotar medidas totalitárias de controle e coerção social." [p. XXVI]
"CONTRA A DESTRUIÇÃO GLOBAL DA CIDADE E DO CAMPO QUE TESTEMUNHAMOS, PROPOMOS UM PROJETO FILOSÓFICO, POLÍTICO E TÉCNICO GLOBAL DE RECONSTRUÇÃO
CIDADE e CAMPO são noções antitéticas.
A reconstrução do TERRITÓRIO deve ser pautada em uma estreita separação física e jurídica entre CIDADE e CAMPO.
[...]
Toda intervenção futura sobre a cidade deve banir a construção de estradas urbanas e autoestradas, zonas monofuncionais e espaços verdes residuais.
Não pode haver zonas industriais, zonas de pedestres, zonas comerciais ou de habitação... só pode haver bairros que integrem todas as funções da vida urbana.
As noções de CENTRO METROPOLITANO e de PERIFERIA deve ser abolidas." [p. XXVI-XXVII]
*
"ON DEVELOPMENT AND PROGRESS
The myth of unlimited technical progress and industrial development have brought the most ‘DEVELOPED' countries to the brink of physical, cultural, and ecological exhaustion. The fever of immediate profit and the empire of money have ravaged cities and countryside.
Industrial forms of production; that is, the extreme development of productive means and forces, have destroyed in less than two hundred years the cultures and traditions, cities and landscapes which had been the result of thousands of years of human labor and intelligence, of culture and inventiveness. They now erode the very resources and the fundamental human values without which mankind can neither live nor survive.
[...]."
"ZONING, SOCIAL MOBILITY, ENERGY CONSUMPTION
Functional Zoning based on infinite territorial sprawl has resulted in maximum energy consumption. The most remarkable consequence of functional zoning is that it guarantees the maximum consumption of units of time, energy and hardware in the accomplishment of all major and minor urban functions.
[...]
An intelligent energy consumption policy is possible only by integrating the main urban functions into urban quarters (DISTRICTS) of limited territorial size.
Whatever energy saving policy does not recognize this condition is doomed to lead to totalitarian measures of control and social coercion."
"AGAINST THE GLOBAL DESTRUCTION OF CITY AND COUNTRYSIDE THAT WE ARE WITNESSING, WE PROPOSE A GLOBAL PHILOSOPHICAL, POLITICAL AND TECHNICAL PROJECT OF RECONSTRUCTION.
CITY and COUNTRYSIDE are antithetical notions.
The reconstruction of the TERRITORY must be defined in a strict physical and legal separation of CITY and COUNTRYSIDE.
[...]
All future intervention on the city must banish the construction of urban roads and motorways, monofunctional zones, residual green spaces.
There can be no industrial zones, pedestrian zones, shopping or housing zones... there can only be urban quarters which integrate all the functions of urban life.
The notions of METROPOLITAN CENTER and PERIPHERY must be abolished."
KRIER, Léon. The reconstruction of the European city. In: ARCHIVES D'ARCHITECTURE MODERNE; KRIER, Léon. Leon Krier: drawings, 1967-1980. Bruxelas: AAM, 1980. p. XXV-XXXI, tradução nossa.
"UMA CARTA DA RECONSTRUÇÃO DA Cidade é o complemento necessário a uma carta da Reconstrução do Campo. Elas só podem ser construídas com base em um CONSENSO político e ecológico de longo prazo. Elas devem transcender os estritos interesses das organizações políticas, industriais e financeiras e dos grupos culturais e religiosos. Uma carta é um projeto moral global que descreve os direitos e deveres do indivíduo e das sociedades. Ela é o reflexo e o complemento necessário de uma constituição política de um povo." [p. 17]
*
"A CHARTER FOR THE RECONSTRUCTION OF the City is the necessary complement to a charter for the Reconstruction of the Country-side. They can both only be built upon a long-term political and ecological CONSENSUS. They must transcend the limited interests of political, industrial and financial organisations and of cultural and religious groups. A charter is a global moral project which describes the rights and duties of the individual and of societies. It is the mirror image and necessary complement of a political constitution of a people."
KRIER, Leon. The reconstruction of the European city: outline for a charter. Architectural Design, Londres, v. 54, n. 11-12, p. 16-22, 1984. AD Profile 52, grifo do autor, tradução nossa.
"De acordo com Léon Krier, o porta-voz mais vociferante do Movimento pela Reconstrução da Cidade Europeia, os principais temas do movimento incluem: a preservação física e social dos centros históricos como modelos desejáveis de vida coletiva; a concepção do espaço urbano como elemento organizador primário da morfologia urbana; estudos tipológicos e morfológicos como bases para uma nova disciplina arquitetônica; o reconhecimento cada vez maior de que a história da cidade oferece fatos precisos que permitem uma ação imediata e exata para se reconstruir a rua, a praça, e o quartier; a reestruturação das cidades-dormitório em partes complexas da cidade, em cidades dentro da cidade, e em quartiers que integram todas as funções da vida urbana; e a redescoberta dos elementos primários da arquitetura, como a coluna, a parede e o telhado [...]. [...]" [p. 15-16]
"Durante os anos 1970, a escola de arquitetura de La Cambre em Bruxelas contribuiu muito para essa discussão. Entre os muitos visitantes convidados para participar de bancas figuraram Scolari, Huet, Devillers, Montès, Panerai, Castex e L. Krier [...]. O historiador da arte Robert-Louis Delevoy atuou como Diretor da escola entre 1965-1979, período em que Maurice Culot serviu como Assistente de Direção. Culot fundou o Archives de l'architecture moderne (AAM) em 1968, que começou a publicar sua revista em 1975. Culot também era um membro do ARAU, L'Atelier de Recherche et d'Action Urbaines (Ateliê de Ação e Investigação Urbanas). Fundada em 1968 por outro professor de La Cambre, o sociólogo urbano René Schoonbrodt, o ARAU propôs ‘contraprojetos' em La Cambre para alimentar o debate sobre questões urbanas." [p. 17-18]
*
"According to Léon Krier, the most vociferous spokesperson for the Movement for the Reconstruction of the European City, the major themes of the movement include: the physical and social preservation of historical centers as desirable models of collective life; the conception of urban space as the primary organizing element of urban morphology; typological and morphological studies as bases for a new architectural discipline; the growing awareness that the history of the city delivers precise facts permitting immediate and precise action toward reconstructing the street, square, and quartier; the restructuring of dormitory cities into complex parts of the city, into cities within the city, and into quartiers which integrate all the functions of urban life; and the rediscovery of the primary elements of architecture such as the column, the wall, and the roof [...]. [...]"
"During the 1970s, the architectural school of La Cambre in Brussels contributed a great deal to this discussion. Among the many visitors hosted by La Cambre to participate in juries figured Scolari, Huet, Devillers, Montès, Panerai, Castex, and L. Krier [...]. The art historian Robert-Louis Delevoy served as Director of the school from 1965 to 1979 during which time Maurice Culot served as Assistant Director. Culot founded the Archives de l'architecture moderne (AAM) in 1968, which began publishing its journal in 1975. Culot was also a member of ARAU, L'Atelier de Recherche et d'Action Urbaines (Studio for Urban Research and Action). Founded in 1968 by another professor at La Cambre, the urban sociologist René Schoonbrodt, the ARAU proposed ‘counterprojects' elaborated at La Cambre for fueling debate on urban issues."
ELLIN, Nan. Postmodern urbanism. Cambridge; Oxford: Blackwell, 1996, grifos da autora, tradução nossa.
"Enquanto Rossi se preocupa antes de tudo em fazer uma intervenção no contexto da cidade, Krier dedicou-se a uma ampla reconstrução da cidade européia como um projeto crítico. De fato, ele defendeu firmemente que o projeto não construído é o modo mais responsável de engajar o pensamento arquitetônico nas atuais condições socioeconômicas: ‘nesse exato momento, a reflexão arquitetônica só pode ser empreendida por meio de um exercício prático, seja na forma de uma crítica, seja na de um projeto crítico'. Para Krier, a possibilidade de um trabalho visionário utópico continua aberta, e é, aliás, imposta pela degradação do urbanismo contemporâneo. Krier se ocupa principalmente da reconstituição de espaços públicos exteriores abertos e bem delimitados - a rua, a praça etc. - como ‘parte de uma visão integral da sociedade [...] parte de uma luta política'. O lugar público simboliza as responsabilidades éticas do cidadão.
Krier também discute o mito modernista de que a industrialização do processo construtivo viria a libertar o trabalhador. [...]
Foi isso que deu base à decisão de Krier de não construir; decisão da qual voltou atrás quando teve a oportunidade de construir sua própria casa em Seaside, na Flórida. Nesse projeto, ele se decidiu pelo emprego de materiais industrializados com uma exagerada sensibilidade tectônica, que pretendia recuperar a mitificação da construção expressa nos detalhes clássicos." [p. 66-67]
NESBITT, Kate. Introdução. In: NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica, 1965-1995. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2008. p. 15-87.
"Tal qual o projeto de cidade hoje defendido pelo Novo Urbanismo, o projeto da Resistência Antiindustrial tinha no bairro autônomo - de usos mistos e classes sociais diversas, com distâncias acessíveis a pé - a base para a organização das cidades. [...].
Se o projeto defendido é praticamente o mesmo; a diferença entre os dois momentos em que ele é afirmado é quase abissal. [...]" [p. 12-13]
"A partir de meados da década de 80, a ação nas lutas urbanas foi substituída pela ação nos canteiros de obras. A renúncia em colaborar com o sistema capitalista deixou de ser uma preocupação e construir tornou-se o principal objetivo - como testemunha a instituição do ‘Prêmio da Reconstrução' organizado pelos Archives d'Architecture Moderne [...]. A Cidade Policêntrica, antes vista como subversiva, passou a ser pregada como ecológica - ou ‘sustentável', no caso americano - e econômica.
O vazio deixado pela despolitização do projeto também é perceptível na substituição das críticas ao sistema capitalista por uma intensificação das acusações ao Movimento Moderno, que passa a ser visto como único responsável pela destruição das cidades.
Destituído da crítica à sociedade industrial que o sustentava, o projeto da Cidade Policêntrica de Krier tornou-se realizável, compatível com o modo de produção capitalista e justificável pela liberdade de gostos." [p. 16]
SOUZA, Gisela Barcellos de. De los desarrollos de la unidad de vecindad: el espacio comunitario en la ciudad policéntrica de Léon Krier. Bitácora Urbano/Territorial, Bogotá, v. 1, n. 10, p. 7-26, jan./dez. 2006.
"Ainda que o chamado Movimento Moderno tenha se caracterizado por certa pluralidade de abordagens e por complexas relações com a história (o que não é o caso de explorarmos aqui), é inegável que ele representou uma ruptura no enfrentamento da questão do patrimônio construído urbano, de tal forma que isto se tornará uma das bandeiras de contestação aos princípios que ele defendia e à maneira como embasou a reconstrução das cidades europeias no pós-guerra.
Esta defesa da história e da cultura contra o universalismo e a tabula rasa incluiu, em sua pauta, a preservação de bairros e centros antigos; a indissolubilidade entre preservação da paisagem construída e manutenção do caráter social de sua ocupação; a retomada da história da disciplina; e a compreensão da cidade e da vida urbana enquanto fato de cultura e locus onde se tecem diferentes redes de relações entre os citadinos e o espaço que habitam. Estes foram alguns dos aspectos centrais para correntes urbanísticas tão diversas, em suas bases teóricas e operativas, quanto o foram o neorracionalismo, o neoclassicismo e os estudos voltados para a paisagem ou para a percepção do espaço urbano, que começam a se desenvolver na Europa, sobretudo, mas também em outras partes do mundo, desde o início dos anos 1960. [...]
Para os fins que nos interessam neste trabalho, talvez o mais emblemático dos movimentos inseridos nessa corrente tenha sido o neorracionalismo, fortemente preocupado com a questão da preservação urbana. Iniciado nos anos 1960, na Itália, influenciado pelo trabalho de Argan (1996) sobre Quatremére de Quincy (1825), para quem os 'tipos' deveriam ser buscados na história, seus formuladores e seguidores expressaram a construção da cidade em termos de tipologia e morfologia. Essas ideias difundiram-se através da Europa, tomando configurações diversas. Em suas formulações originais, suas realizações foram, entretanto, limitadas, devido à sua maneira dogmática, atitude anti-industrial e resistência pró-artesanal, e a distância que colocava com relação à prática profissional. Os melhores exemplos inspirados por seu ideário foram a reconstrução de Alma-Gare (Roubaix, França) e o plano de Bolonha, na Itália. Sua migração para o norte da Europa evoluiu no Movement for the Reconstruction of the European City, sendo talvez o principal registro de seu pensamento urbanístico o livro Architecture rationelle: témoignages en faveur de la réconstruction de la ville européenne (1978), incluindo textos de autores tão diversos quanto Krier, Delevoy, Vidler, Scolari e Huet. Para o desenvolvimento desse pensamento foi particularmente importante a experiência desenvolvida na Escola de Arquitetura de La Cambre, em Bruxelas, e a participação de vários dos protagonistas do movimento em lutas urbanas, exemplificadas, no caso de Bruxelas, pela chamada 'Batalha de la Marolle'. [...] Essas lutas serão bem expressas no livro de Manuel Castells, Lutas urbanas e poder político, publicado em 1975, no qual o autor, dentre outros casos, discute detidamente a resistência à 'renovação-deportação' na cidade de Paris, na época objeto de fortes investidas de renovação urbana, que pretendia substituir bairros inteiros, marcados por velhas tradições e ocupados por uma população operária, por insípidas torres de moradia ou de escritórios." [p. 134-135]
GOMES, Marco Aurélio A. de Filgueiras. Preservação e urbanismo: encontros, desencontros e muitos desafios. In: GOMES, Marco Aurélio A. de Filgueiras; CORRÊA, Elyane Lins (Org.). Reconceituações contemporâneas de patrimônio. Salvador: EDUFBA, 2011, p. 129-144, grifos do autor.
"No texto que escreveu para o catálogo da exposição [‘Rational Architecture'], Léon Krier procurou explicar os critérios para inclusão de novos arquitetos na mostra e a exclusão de outros. Tratava-se de selecionar os projetos representativos de um ‘novo movimento arquitetônico, uma nova aproximação crítica face à renovação da Cidade Europeia' [...]. Por esse motivo teria excluído arquitetos como Venturi e os New York Five que, segundo o curador, iriam ‘confundir os grandes temas anunciados pela Arquitetura Racional' [...]. Entre os projetos arquitetônicos reunidos na mostra, Krier asseverava existir uma mesma ‘reflexão sobre a cidade e sua história, sobre seu emprego e seu conteúdo social' e uma preocupação comum para com a ‘recriação do espaço público' [...]. [...]
Como desdobramento dessa tentativa de afirmação de um movimento internacional, a Escola de La Cambre organizou um colóquio, em 1978, nomeado ‘A Reconstrução da Cidade Europeia'. Participaram desse evento - além de Léon Krier, Culot e Delevoy - arquitetos da França, Bélgica, Espanha e Itália que já haviam estabelecido contato com essa escola durante os anos 1970. Como resultado final desse colóquio, houve a assinatura da ‘Declaração de Bruxelas' na qual os subscritores afirmavam seu apoio às lutas urbanas bruxelenses e ratificavam, entre outros aspectos, a necessidade de retomada dos espaços públicos tradicionais da cidade europeia [...]." [p. 80-82]
SOUZA, Gisela Barcellos de. A cidade redescoberta: o debate sobre a tipo-morfologia no contexto europeu dos anos 1970. Cadernos PROARQ, Rio de Janeiro, n. 19, p. 70-88, dez. 2012.