L'Architecture D'Aujourd'hui, 1956:

Unidade Residencial 2 de Diciembre [atual 23 de Enero], no Centro de Caracas

"A Unidade Residencial 2 de Dezembro responde ao programa de destruição de zonas insalubres e de relocação de seus habitantes para uma situação saudável, proporcionando um modo de vida normal a uma população até então desfavorecida.

O conjunto se constitui de quatro unidades de vizinhança, agrupando no total 12 744 pessoas, ou seja, uma densidade de 400 habitantes por hectare. Dois entre eles já estão totalmente concluídos. O terreno escolhido se eleva no centro na cidade e a composição geral foi estabelecida levando em conta a topografia do terreno, sua orientação, a busca pelas melhores vistas e as relações diretas entre o novo bairro e as outras partes da cidade. A respeito do plano arquitetural, os estudos foram baseados na pesquisa de uma expressão plástica que assegurasse a diversidade dentro da unidade, no meio de volumes caracterizados por proporções harmônicas. A policromia, cuidadosamente utilizada, valoriza certos elementos arquiteturais.

Sobre o plano de urbanismo, foram adotados os princípios mais atuais: liberação máxima do sol que será arranjado posteriormente em jardins e em vias reservadas aos pedestres, permitindo às crianças irem à escola sem o menor risco; as circulações de automóveis penetrarão em locais bem determinados, a fim de assegurar um acesso fácil e racional aos imóveis.
O conjunto comporta treze blocos de quatorze andares acima do nível do chão, de 150 apartamentos cada um, num total de 1950 residências; e 52 blocos de três pavimentos acima do nível do chão, de 8 apartamentos cada um, totalizando 416 apartamentos. [Esses valores são referentes à primeira etapa do projeto, de 1955.] Os serviços gerais são: creches, cinema, centro cultural e social, um vasto terreno de esportes e uma zona reservada a pequenas indústrias."

(Tradução: Diego Mauro)

Departamento de Investigação, Fundação Galeria de Arte Nacional, Caracas, 2000:

Urbanização 2 de Diciembre (Atual Urbanização 23 de Enero)

Arquiteto - Carlos Raúl Villanueva
Colaboradores - José Manuel Mijares, Carlos Brando y José Hoffman
Participação Artística - Mateo Manaure
Execução - Banco Obrero
Localização - Catia, Caracas, Distrito Federal, Venezuela
Data - 1955/1957
1955: Primera etapa. 12.800 habitantes, 2.366 viviendas Colaboradores: José Manuel Mijares y Carlos Brando
1956: Segunda etapa. 18.800 habitantes, 2.690 viviendas Colaboradores: José Manuel Mijares y José Hoffman
1957: Tercera etapa. 23.400 habitantes, 3.150 viviendas Colaborador: José Manuel Mijares

A proposta de urbanização 23 de Janeiro representa uma investigação alternativa de Villanueva destinada ao urbanismo moderno e à perfeição da unidade habitacional; integra a utopia funcional e racionalista da cidade operária com a utopia romântica da cidade-jardim. A urbanização se implanta sobre um terreno que se extende desde o oeste do centro histórico de Caracas (próximo à Colina de El Calvario e Caño Amarillo), seguindo até o final de Las Flores de Catia. Sua área abrange duzentos e vinte hectares: cinco morros receberam intervenção, neles foram semeados cinquenta e dois prismas neoplasticistas de quinze andares, afastados entre si e dispostos de maneira a atender à melhor orientação solar e ventilação.

Nos blocos de habitação, os elevadores se comunicam de quarto em quarto pavimentos, dando expressão à rua de circulação horizontal proposta por Le Corbusier. Nos blocos de 4 pavimentos, os apartamentos têm acesso direto pelas escadas. Os núcleos de habitação "de existência mínima" apresentaram um laboratório espacial, social e tecnológico sem precedentes. As estruturas de concreto armado e seus sistemas de pórticos centrais e balanços constituíram, junto com a policromias das fachadas, as características mais destacadas do conjunto.

A realização deste complexo urbanístico representa um dos projetos de renovação urbana mais ambiciosos já empreendidos na história da América Latina. Rapidamente, a obra adquire valor como exemplo de protótipos que vão se aperfeiçoando durante o processo. O esquema da estrutura urbana parte de um plano básico para organizar unidades residenciais em torno das quais funcionam as escolas, os jardins de infância, a igreja e os centros comunitários. Todas essas funções garantem o seu funcionamento eficiente a partir de redes de ciculação de veículos e de transporte público.

Um aspecto importante no que tange à composição de toda esta cidade funcionalista está na variação do esquema rígido e cartesiano proposto por Le Corbusier, a partir da implantação de gigantescos prismas sobre uma paisagem irregular, construído em um sistema de terraços e desníveis. As variações dos tipos de construção, altura e agrupamento, que estão diretamente relacionados com as características geográficas de todo o espaço urbano, evitam a monotonia excessiva e recorrem a uma combinação sincopada de unidades de baixa e média densidade com blocos de alta densidade. A intervenção de Villanueva recria a síntese da paisagem moderna a partir das variações de níveis dos sistemas de praças, caminhos e áreas verdes em uma cidadela onde não foram esquecidas as atividades destinadas à recreação e ao esporte.

(Tradução: Diego Mauro)