1947
Brasil, São Paulo
Fato RelevanteIdiomas disponíveis
Português
Marcadores
Movimentos Sociais Urbanos
Colaborador
Tatiana Sant´Anna e Dila Reis
Citado por: 1
“A Sociedade para Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais (SAGMACS), fundada pelo dominicano francês Louis-Joseph Lebret em 1947, foi uma instituição de planejamento urbano que teve destacada atuação no Brasil, especialmente durante os anos de 1950. Foi a partir da necessidade de especialistas no tema do desenvolvimento para trabalhar na SAGMACS que Lebret atuou na formação de um corpo de profissionais brasileiros das mais diversas áreas, dentre as quais arquitetos, urbanistas, engenheiros, geógrafos, cientistas sociais, sociólogos. Esta formação se deu através de cursos e palestras no Brasil, da participação em trabalhos desenvolvidos pela SAGMACS, e teve a sua maior expressão com a fundação em 1958, na França, do Institut de Recherche et de Formation en vue du Développement Harmonisé (IRFED). Trata-se de apresentar o processo de formação de profissionais brasileiros especializados no tema do desenvolvimento para atuar em países subdesenvolvidos, a partir da criação da SAGMACS até a formação recebida no IRFED.”
Rede Urbanismo no Brasil, data desconhecida:
A fundação da SAGMACS
“Formada a SAGMACS, acoplada ao Movimento de Economia e Humanismo, ela ficará apoiada por personalidades ligadas ao convento dos Dominicanos, alguns de seus frades como frei Benevenuto Santa Cruz e alguns professores da Escola Politécnica. Entre eles estava o Prof. Luiz Cintra do Prado como primeiro presidente da SAGMACS. Este grande professor da Politécnica foi também logo depois professor na FAU/USP de Conforto Ambiental e Física Aplicada. Neste primeiro período, a SAGMACS faz uma segunda pesquisa sobre as condições de vida dos empregados do Jockey Clube contratada pelo próprio Jockey Clube. Ainda durante ano de 1947, o Padre Lebret realizou uma série de palestras e viagens pelo Brasil e outros países das Américas. Nessas viagens ele desenvolve uma série de contatos e atividades que iriam provocar uma enorme reação na alta hierarquia da Igreja e que acabou proibindo Lebret de voltar para as Américas. De volta à França escreve e publica um célebre artigo na Revista Economie & Humanisme intitulada "Lettre aux Américains", em que escreve sobre São Paulo e toda a experiência da descoberta do nosso mundo subdesenvolvido.
O movimento de Economia e Humanismo e SAGMACS ficam, quem sabe pela sua ausência, restritos a poucas atividades e sob a mira dos Bispos até o ano de 1952, quando é eleito e assume o Governo do Estado o Prof. Lucas Nogueira Garcez. Ele pede ao Lebret para vir assessorá-lo num plano de governo e com os seus conhecimentos e prestígio consegue a sua vinda e a anulação da proibição existente desde 1947.”
Site Rede de Urbanismo no Brasil. Disponível em: [http://www.urbanismobr.org/entrevistas/4.htm]. Acesso em: 09/05/2011.
Rede Urbanismo no Brasil, data desconhecida:
O final da SAGMACS
“Essa ação é interrompida bruscamente pelo golpe de 64. É evidente que a repressão castiga os quatro campos da Nação. O pessoal que estava no governo sai todo, é perseguido e muitos saem do país, os deputados e políticos são cassados, a equipe técnica se vê sem nenhum trabalho, os onze contratos em andamento caem por terra, então há um completo esvaziamento do escritório, tendo como conseqüências visitas do pessoal do DOPS, a procura do Lebret e do Theillard de Chardin. "Eles" ouviam falar de subversivos, mas não sabiam direito do que se tratava.
Entre "nós" há uma debandada geral e uma procura de novas formas de trabalho e sobrevivência, alguns entram na clandestinidade, outros saem do país e os que permaneceram, se dispersaram. Estavam definitivamente encerrados os destinos dos grupos e equipes de Economia Humana e SAGMACS no Brasil. Termina a SAGMACS tendo sido a biblioteca e seus arquivos objeto de vandalismo. A última vez que eu a vi, era um monte de livros na sua sala principal. Não tínhamos como salvar aquilo até que alguns anos depois o Prof. Nestor Goulart que era, no inicio dos anos 70, diretor da FAU, comprou o que sobrou do acervo da SAGMACS e que hoje está na biblioteca da Pós-graduação da FAU - USP.”