Leituras
Textos
- Apresentação
2016
- Brasília: segregação e utopia na cidade moderna
- Notas sobre o ponto de inflexão "Aprendendo com Las Vegas"
- Notas sobre o Moderno: a(s) Carta(s) de Atenas e a emergência do Team X
- Notas sobre Ponto de Inflexão “Brás de Pina”
2009
- Cronologia do Pensamento Urbanístico
- Teoria Historiográfica e a Cronologia do Pensamento Urbanístico.
- Historiografia de Resistências ao Pensamento Urbanístico Hegemônico
Paineis
- Poster XIV Seminário de História da Cidade e do Urbanismo - SHCU 2016, FAU/USP - São Carlos
- Poster XIII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo - SHCU 2014, FAUNB/UnB - Brasília
- Cronologia do Pensamento Urbanístico: recorte contemporâneo (Icaro Villaça e Diego Mauro - bolsistas IC)
Cronologias
- Cronologia das Cidades Utópicas (Adriana Caúla - anexo da tese de doutorado)
- Cronologia dos Documentários Urbanos (Silvana Olivieri - anexo da dissertação de mestrado)
- Cronologia da Habitação Social (Leandro Cruz - anexo da dissertação de mestrado)
- Cronologia de uma cidade enunciada (Osnildo Wan-Dall - Anexo da dissertação de mestrado)
Cronologia de uma cidade enunciada (Bahias de Todos os Santos)
Osnildo Adão Wan-Dall Junior - (PPG-AU/UFBA)
Parte integrante da Dissertação de Mestrado
WAN-DALL JUNIOR, Osnildo Adão. Das narrativas literárias de cidades: experiência urbana através do Guia de ruas e mistérios da Bahia de Todos os Santos. 2013. 247 f. il. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.
Resumo da Dissertação
Este trabalho tematiza as narrativas literárias de cidades enquanto transmissão e transformação da experiência urbana, problematizando uma “produção subjetiva” (Guattari) da cidade de Salvador pela literatura de Jorge Amado, através de Bahia de Todos os Santos. Como fio condutor da pesquisa, toma-se o processo narrativo do livro que, desde sua primeira publicação no Brasil, em 1945, narra a experiência da então cidade da Bahia, passando por importantes atualizações realizadas pelo próprio escritor em pelo menos seis revisões textuais ao longo de quatro décadas e de mais de quarenta edições. Para a compreensão dessa sucessão de narrativas e daquilo que as caracteriza, apontam-se dois enunciados discursivos sobre a coexistência de outras narrativas da cidade de Salvador: o primeiro cruza a produção literária de Jorge Amado com narrativas hegemônicas do urbanismo, em vários níveis, que as contextualizam em um panorama urbanístico do que se pensou para a cidade e do que efetivamente foi realizado; enquanto o segundo apresenta Bahia de Todos os Santos como um guia de cidade que, junto a outros “agenciamentos coletivos de enunciação” (Guattari), produz subjetivamente, em seus leitores-viajantes-turistas, uma “ideia” sobre a (cidade da) Bahia, ao convidá-los para uma visita: “Vem, a Bahia te espera.” Nesse contexto, a década de 1970 foi um importante período de reorganização narrativa do livro que, por sua vez, teria sido dividido, implicitamente, na narração de (pelo menos) duas “cidades da Bahia”, ou de duas “Bahias de Todos os Santos”, coexistentes e demarcadas cronologicamente pela linha tênue do ano de 1977. A temática do trabalho é complexificada, ainda, pela identificação do Centro da cidade como o lugar mesmo das “ruas” e dos “mistérios” evocados pelo subtítulo do livro, onde coabitariam tanto o “povo” quanto a “cultura popular baiana”. É partindo dessa leitura, de uma cidade que se modernizou através de grande parte do século XX, que se apreende, contemporaneamente, um permanente “estado de ruína”, indissociável das “ruínas” daquilo que foi sendo substituído pela narrativa em sua própria sobrevivência.
Sobre a Cronologia das Bahias de Todos os Santos
Sem a pretensão de conhecer toda a obra de Jorge Amado – a partir, por exemplo, da leitura de todos os seus títulos, ou da leitura dos títulos por ele publicados no período que compreende a escrita de Bahia de Todos os Santos – e sem colocarmo-nos na postura de “analistas literários”, colocamo-nos diante da nossa condição de arquiteto e urbanista ao dissertar sobre os processos urbanos em que se inserem a literatura do escritor, sobretudo o Guia Bahia de Todos os Santos. Seguimos na intenção de compreender qual seria essa cidade de Salvador, narrada tanto pela literatura de Jorge Amado quanto pela efetivação de um urbanismo ideal e idealizado diante da configuração política do país, questionando, principalmente, como se dá essa produção narrativa, o que é narrado e como se consolida essa coexistência de narrativas de cidade. Ou seja, como se configura essa(s) “outra(s)” cidade(s) da contemporânea Salvador através da literatura de Jorge Amado.
Para discorrer sobre essa complexidade, especulamos o que estaria no contexto da duradoura escrita do Guia a partir da sugestão de dois enunciados discursivos que cruzam a coexistência de forças que atuam nessa produção subjetiva de cidade. [...]
Assim, o primeiro enunciado visa a identificar e cruzar o contexto histórico, político, urbanístico e aqueles relativos à vida e à obra de Jorge Amado como um todo, sem determo-nos ainda no Guia, tampouco às suas “versões”, enquanto o segundo enunciado, de modo complementar, tanto problematiza as “versões” do Guia quanto o apresenta como um guia de cidade que perpassa distintas “noções” de uma suposta mesma “cidade da Bahia”. Ambos os enunciados são, ao final, sintetizados em uma cronologia dos conteúdos e dos temas por que passou o Guia ao longo de suas sucessivas atualizações, visando tensionar justamente a coexistência de narrativas de uma cidade produzida subjetivamente através de narrativas literárias.
(Trecho transcrito do Capítulo 2 da Dissertação, p. 96)
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Nota do autor: Agradeço a colaboração de Tiago Schultz na elaboração e desenvolvimento da cronologia em seu formato final digital; de Igor Queiroz, na edição do material para a versão web; e de Thiago Silva, na inserção do conteúdo neste site.