Leituras
Textos
- Apresentação
2016
- Brasília: segregação e utopia na cidade moderna
- Notas sobre o ponto de inflexão "Aprendendo com Las Vegas"
- Notas sobre o Moderno: a(s) Carta(s) de Atenas e a emergência do Team X
- Notas sobre Ponto de Inflexão “Brás de Pina”
2009
- Cronologia do Pensamento Urbanístico
- Teoria Historiográfica e a Cronologia do Pensamento Urbanístico.
- Historiografia de Resistências ao Pensamento Urbanístico Hegemônico
Paineis
- Poster XIV Seminário de História da Cidade e do Urbanismo - SHCU 2016, FAU/USP - São Carlos
- Poster XIII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo - SHCU 2014, FAUNB/UnB - Brasília
- Cronologia do Pensamento Urbanístico: recorte contemporâneo (Icaro Villaça e Diego Mauro - bolsistas IC)
Cronologias
- Cronologia das Cidades Utópicas (Adriana Caúla - anexo da tese de doutorado)
- Cronologia dos Documentários Urbanos (Silvana Olivieri - anexo da dissertação de mestrado)
- Cronologia da Habitação Social (Leandro Cruz - anexo da dissertação de mestrado)
- Cronologia de uma cidade enunciada (Osnildo Wan-Dall - Anexo da dissertação de mestrado)
Notas sobre o ponto de inflexão “Aprendendo com Las Vegas”
Leandro Cruz (professor FAUFBA)
Junia Mortimer (professora FAUFBA e PPG-AU/FAUFBA)
Fabio Pina (mestrando PPG-AU/FAUFBA, servidor SUMAI/UFBA)
Gabriela Fernandes (graduanda FAUFBA)
I. “Aprendendo com Las Vegas”: a identificação de um campo para debate
Os verbetes que gravitam em torno do Ponto de Inflexão (PI) “Aprendendo com Las Vegas”, no âmbito da pesquisa Cronologia do Pensamento Urbanístico, concentram um debate sobre cidade entre diferentes vertentes de pensamento pós-moderno, tomando como ponto de partida a publicação do livro homônimo, Aprendendo com Las Vegas, em 1972, por Robert Venturi, Denise Scott-Brown e Steve Izenour.
A publicação deste livro foi escolhida como Ponto de Inflexão pela grande circulação dos debates sobre o simbólico na arquitetura e a valorização da comunicação direta dos billboards dentro de uma arquitetura vernacular comercial norte-americana. A grande circulação desse discurso, que trouxe à luz novas questões em detrimento da valorização da expressão artística do autor na própria arquitetura, foi um marco no debate do pós-modernismo e da arte e arquitetura no século XX.
Tomar essa publicação como ponto de partida significava lançar luzes sobre posturas críticas ao pensamento urbanístico moderno que já se apresentavam em outras bases de compreensão da cidade, consolidando um debate que se desloca do moderno para apresentar-se como pós-moderno. Nesse debate é incontornável a discussão sobre cultura popular comercial, sociedade de consumo, pop-art, e também outras questões que afetam o pensamento urbanístico, como as ideias de cotidiano, serialização, tipologia, corpo, imagem.
II. Metamorfoses da nebulosa em torno de “Aprendendo com Las Vegas”
Momento 1 da nebulosa PI Las Vegas
Num primeiro momento de pesquisa, buscou-se organizar em diagrama quais seriam os principais aspectos a serem estudados. Para tanto, buscou-se identificar quatro frentes de trabalho principais como formas de problematizar a publicação de Aprendendo com Las Vegas e como regiões de aglomeração, dentro da nebulosa de pensamento a ser formada, dos verbetes a serem produzidos em torno desse PI.
Figura 1: Diagrama dos verbetes num primeiro estágio da nebulosa que viria a se formar em torno de Aprendendo com Las Vegas. Elaborado em reunião da Cronologia, em Salvador. Fonte: Arquivo dos autores.
Essas frentes eram as seguintes:
- elaboração do livro >>> focaria mais diretamente em Aprendendo com Las Vegas, incluindo assim outras publicações de Venturi e Scott Brown, além de projetos e obras realizados pelo escritório e, ainda, a exposição Signs of Life (1976). Além disso, foram incluídos, nesta frente de trabalho, os estudos sobre a obra de Peter Blake, cuja crítica às cidades americanas foi invertida ironicamente pelos autores de Aprendendo com Las Vegas;
- impacto dessa publicação nos debates arquitetônico e urbanístico >>> essa frente contemplaria o impacto da obra nos debates arquitetônico e urbanístico, focando em reações de contraposição direta à obra de Venturi e Scott Brown, especialmente nas publicações de Kenneth Frampton e Tomás Maldonado;
- obras de contemporâneos a Venturi e Scott Brown >>> focaria nas publicações de contemporâneos à publicação de Aprendendo com Las Vegas, fossem elas com posturas favoráveis/similares, como no caso de Reyner Banham, Charles Moore e Rem Koolhaas, ou mais distintas, como no caso de Aldo Rossi e Paul Virilio;
- outros debates que se relacionam com a chamada “arquitetura pós-moderna” >>> reuniria obras, publicações e fatos relevantes que se relacionassem com o debate mais amplo sobre a “arquitetura pós-moderna”, como a obra de Charles Jencks e Tom Wolfe; a demolição do Conjunto Habitacional Pruitt-Igoe; a exposição sobre Habitação de Interesse Social no MoMA; a criação do IAUS e da revista Oppositions; e a criação da revista Contropiano.
Os primeiros verbetes1 que configuram a nebulosa em torno do ponto de inflexão Aprendendo com Las Vegas buscam trazer para esse campo de debates a pluralidade de teorias sobre a cidade e o urbanismo que atravessam a questão inicial sobre a legitimidade da paisagem urbana consolidada nas cidades americanas por uma cultura popular comercial, conforme é problematizado em Aprendendo com Las Vegas.
Crítico a essa paisagem urbana construída como cultura popular comercial, Peter Blake, em God’s own junkyard (1964), explora a deterioração da paisagem americana, um posicionamento que se mostra contrário aos billboards e suas interferências na paisagem da cidade moderna. Blake descreve os subúrbios como “desertos intermináveis pontilhados com milhões de casinhas monótonas, em pequenos lotes monótonos, e entrecruzados por estradas perfiladas de cartazes, restaurantes exóticos, depósitos de carros usados, cinemas drive-in, postos de gasolina decorados com bandeiras e hotéis extravagantes.”2 Ele argumenta que, para além da necessidade de leis estritas de zoneamento, está a necessidade de ações criativas para construir “novos tipos de cidade e um novo tipo de país”.
É justamente contra essa compreensão da paisagem suburbana norte-americana como deterioração de um modelo que Robert Venturi inaugura, provocadoramente, um debate teórico que coloca em evidência o simbolismo arquitetônico nessa paisagem urbana popular comercial. Com a publicação de Complexidade e contradição em arquitetura (1995), Venturi incorpora o que essa paisagem constrói, acreditando que “num gênero de arquitetura mais inclusiva do que exclusiva há lugar para o fragmento, a contradição, a improvisação e para as tensões que tudo isso produz.” (VENTURI, 1995 [1966], p. 2)
Com a devida distância histórica de quase 40 anos, Silvana Rubino considera ser
possível afirmarmos que se o leitor quer entender as duas rupturas simbólicas que a arquitetura empreendeu no breve e interessante século XX, há pelo menos dois autores obrigatórios: Le Corbusier com Por uma arquitetura e Urbanismo, e Robert Venturi com Complexidade e contradição em arquitetura e Aprendendo com Las Vegas. (RUBINO 2003)3
Antes da publicação de Aprendendo com Las Vegas, no entanto, essa reflexão proposta por Venturi a partir da edificação arquitetônica expande-se para uma abordagem de cunho mais urbano já no artigo “A significance for A&P parking lots”, que publica em 1968 junto com Denise Scott-Brown na revista The Architectural Forum. O artigo serviu de base para o ateliê de projeto de Yale, Learning from Las Vegas or Form analysis as design research, de onde viria o ponto de inflexão elegido para o debate do pós-modernismo na Cronologia do Pensamento Urbanístico. No artigo de 1968, Venturi e Scott-Brown sugerem incorporar aspectos da cultura de massa, como o automóvel, o consumo, a televisão enquanto parâmetros para observação, análise e proposição de símbolos arquitetônicos como elementos de um sistema comunicativo na paisagem urbana. Também é marcante, nesse contexto, a exposição Signs of Life (1976), onde circulou, de forma ainda mais evidente e com ampla adesão popular, o esforço de Denise Scott Brown e Robert Venturi em explorar o imaginário urbano norte-americano, focando desta vez nos subúrbios.
A abordagem de Venturi, Scott-Brown e Izenour legitimava, segundo alguns críticos, a cidade comercial de beira de estrada e impedia, nas palavras de Tomás Maldonado,
o início de uma vasta acção projectual em relação ao ambiente, acção de que pode depender o nosso destino. [...] a deterioração do nosso ambiente chegou a um tal ponto que qualquer retorno, mesmo mínimo, acabaria por comprometer substancialmente a nossa sobrevivência. Devemos portanto iniciar esta acção. (MALDONADO, 1971)4
A crítica europeia avalia aquele pensamento americano de cidade e espaço presente em Aprendendo com Las Vegas como conformista e fator de atraso numa compreensão do ambiente humano que associa o princípio da esperança à projetação. Mas não seria necessário cruzar o oceano para identificar outras vertentes críticas ao Aprendendo com Las Vegas. Na mesma Universidade de Yale, onde lecionavam Venturi, Scott-Brown e Izenour, estavam também Charles Moore e Kent Bloomer. Estes exploravam nas suas aulas de fundamentos de projeto “questões sensoriais e afetivas da arquitetura com relação aos indivíduos”.5
Além dessa abordagem fenomenológica, é possível identificar, ainda no cenário teórico americano, outros modos de compreender a cidade que se posicionaram criticamente à abordagem populista de Aprendendo com Las Vegas. Da Universidade de Cornell chegava a proposta contextualista de Colin-Rowe, veiculada para o público em geral com a publicação de Collage City, de 1977. Do Instituto de Arquitetura e Estudos Urbanos de Nova York (IAUS) emergiam discussões que se pretendiam “mais sérias”, encabeçadas por Peter Eisenman e Kenneth Frampton, na Universidade de Columbia, e que alimentaram eventos como a exposição do MoMA, Another Chance for Housing: Low-Rise Alternatives (1973). É desse mesmo Instituto de onde viria também a maior parte dos arquitetos e dos teóricos reunidos na exposição Deconstructivist Architecture, organizada no MoMA em 1988 com a curadoria principal de Philip Johnson e Mark Wigley.
Dessas discussões no IAUS e de seu trabalho na Universidade de Columbia, Frampton apresentou, em 1983, sua proposta de leitura historiográfica do período moderno no livro História crítica da arquitetura moderna, publicado pela primeira vez em 1980. O livro faz uso de categorias analíticas que mostram um pensamento que se constrói dentro de uma tradição filosófica europeia e, ainda que sua historiografia revele um tom crítico a determinados aspectos do moderno, Frampton identifica ali valiosos elementos de conformação de um pensamento sobre o espaço.
Esse foi o primeiro estágio do debate em torno do ponto de inflexão “Aprendendo com Las Vegas”. Com esse debate inicial, ficava claro que, dentro do próprio território americano, existia de fato uma vertente predominante no pensamento urbanístico que buscava considerar a cultura popular comercial e o simbolismo deste imaginário. Mas existiam também outros modos de pensar a cidade que se colocaram claramente diante das provocações lançadas em Aprendendo com Las Vegas. E não somente nos Estados Unidos: no contexto europeu, esse debate reverberou nas estruturas de um pensamento que pretendia justamente se diferenciar do consumismo e da sociedade de massas a partir de uma perspectiva historicista. Também são desenvolvidos, nesse momento, materiais que embasam outros atravessamentos, como a publicação Los Angeles: the architecture of four ecologies e uma publicação sobre o projeto Exodus, desenvolvido por Rem Koolhas como projeto final de graduação, pelo caráter utópico que o relaciona diretamente ao Archigram, do Ponto de Inflexão sobre o Team X, quando traz uma narrativa de uma Londres dividida em duas áreas que representavam a dialética entre o lado bom e ruim da cidade, e o êxodo gerado por essa divisão. Dessa forma, o projeto de uma muralha torna física essa tensão entre essas duas zonas urbanas. São investigadas também obras que discutem o tema, ainda que sem citar diretamente Aprendendo com Las Vegas, como o verbete sobre a demolição do conjunto habitacional modernista Pruitt-Igoe (na cidade de Saint Louis, no estado do Missouri, Estados Unidos), referido por Charles Jencks. em sua publicação The language of post-modern architecture. como o marco da morte do modernismo.
Momento 2 da nebulosa PI Las Vegas
Num segundo momento de conformação da nebulosa em torno do PI Aprendendo com Las Vegas, buscou-se tanto consolidar a investigação do popular lançada por Venturi e Scott-Brown, avançando para as edificações arquitetônicas produzidas pelo casal, como matizar melhor o que foi inicialmente compreendido de forma mais genérica enquanto obras contemporâneas ao livro e outros debates pós-modernos.
Os principais lugares de problematização passaram a se definir como:
- o conjunto da obra de R. Venturi e Denise Scott Brown;
- o debate geral na Itália: neorracionalismo, contextualismo, historicismo, através do lançamento da revista Contraspazio;
- os Whites, nos Estados Unidos / o IAUS por meio da discussão levantada pela criação do IAUS;
- a crítica de Kenneth Frampton com a publicação do texto sobre regionalismo crítico, em 1983, intitulado “Towards a critical regionalism”, no livro The anti-aesthetic: essays on postmodern culture, de Hal Foster;
- a influência de Venturi e Scott Brown sobre Rem Koolhaas na discussão que ele apresenta por meio da publicação do livro Nova York delirante (1976);
- as principais obras historiográficas que trataram de Aprendendo com Las Vegas, por meio da investigação da publicação de Meaning in architecture, de Charles Jencks e George Baird;
- outros discursos pós-modernos que se aproximam da abordagem de Aprendendo com Las Vegas, por meio da investigação da publicação de Los Angeles: a cidade das quatro ecologias, de Reyner Banham;
- a crítica ao contexto geral e ao caso da demolição do Pruitt-Igoe com a publicação de Form follows fiasco, de Peter Blake.
Figura 2: Diagrama apresentado na reunião de outubro de 2014 (modificado). Fonte: Arquivo dos autores.
Além disso, torna-se também prioritário, nesse momento de aprofundamento para conformação da nebulosa em torno de Aprendendo com Las Vegas, as relações com a produção brasileira, a começar pela obra dos arquitetos mineiros e a importância da revista Pampulha.
Em Complexidade e contradição em arquitetura (1995), Venturi se utiliza de obras que produziu como arquiteto no exercício da profissão para mostrar em espacialidades e estratégias arquitetônicas aquela teoria explorada no livro. A Guild House (1963) e a Casa Vana Venturi (1964), ambas em Filadélfia, são dois exemplos dessa mudança de abordagem por ele proposta com relação ao imaginário popular da cultura comercial. Na proposta para Guild House, uma casa para idosos, Venturi defende que “a antena, com sua superfície dourada anodizada, pode ser interpretada de duas maneiras: abstratamente, como escultura à maneira de Lippold, e como um símbolo dos idosos, que passam tanto tempo diante da televisão.” (VENTURI 1995, p. 176) Incluir esses exemplos arquitetônicos no campo de debates do pensamento urbanístico em torno de Aprendendo com Las Vegas justificou-se, sobretudo, pelo fato de Venturi explorar essas arquiteturas em função da visão de cidade que ele apresenta. É válido ressaltar que dentro do campo de investigação sobre as obras de R. Venturi e D. Scott-Brown, as realizações mais recentes do casal, como a inauguração da Sainsbury Wing, uma ala da National Gallery de Londres, implicaram uma aproximação da nuvem “Aprendendo com Las Vegas” com aquela formulada em torno do ponto de inflexão Barcelona, que se dedica ao debate sobre a espetacularização da arquitetura de museus, como estratégia de planejamento estratégico, a exemplo do Museu Guggenheim de Bilbao.
Também recorrendo a exemplos arquitetônicos dentro de uma perspectiva de compreensão da cidade, Reyner Banham aproximou-se do debate postulado por Venturi e Scott-Brown a partir de seu livro Los Angeles: cidade das quatro ecologias. Aparece aqui, de novo, a mesma estratégia de escolher uma cidade como ponto de partida, a exemplo da Las Vegas de Aprendendo com Las Vegas. Em Los Angeles: cidade das quatro ecologias, Banham investiga como se deu a urbanização de Los Angeles, intercalando apreciações sobre arte, arquitetura e sistema de transportes segundo quatro grandes focos, denominados pelo autor como as quatro ecologias: “surfúrbia”, “encostas”, “planícies do Id” e “autopia”. Para Banham, trata-se de
uma cidade de 180 quilômetros quadrados, mas sem profundidade, onde raras áreas têm mais de setenta anos, à exceção de um pequeno centro que ainda não completou dois séculos e outros poucos bolsões de antiguidade: Los Angeles é arquitetura instantânea em uma paisagem urbana instantânea. A maioria dos seus edifícios são as primeiras e únicas estruturas construídas nos lotes; expressa-se uma dúzia de estilos diferentes, em sua maioria importados, explorados e arruinados no prazo de uma geração. Mesmo assim, a forma construída da cidade tem uma qualidade abrangente, coerente e unificada o suficiente para tornar-se objeto de uma monografia histórica.” (BANHAM, 2013)
No livro,
os ciclos de desenvolvimento da cidade são apresentados a partir da chegada da ferrovia, da facilidade de transporte, da potência econômica alcançada com a extração de petróleo e do processo de migração em direção à faixa litorânea em busca de lazer até chegar, por fim, no estabelecimento da potência econômica e simbólica da indústria cinematográfica e a implantação e funcionamento do modelo rodoviarista.5
Contemporâneo aos esforços de Venturi, Scott Brown e Izenour de estudarem a formação urbana de Las Vegas e Los Angeles está também o trabalho de Rem Koolhaas em Nova York delirante, publicado em 1978. As três publicações se aproximam no comum desafio de problematizar a cidade contemporânea a partir de uma cidade específica tomada como ponto de partida – objeto de estudo – para os processos de análise urbana. Inserido como estudante de graduação na Cornell University e no Institute of Architecture and Urban Studies, dirigido por Peter Eisenman, em Nova York, Koolhaas partiu de material básico, segundo o próprio autor, que consistia em cartões postais, microfilmes e arquivos pessoais, além de entrevistas realizadas por ele durante a estadia em Nova York (com figuras como Salvador Dalí, Philip Johnson, Walter Kilham Jr. e Gordon Bunschaft). Como argumenta Koolhaas, o propósito do livro, por meio de uma estrutura do tipo manifesto, é apresentar uma interpretação de Manhattan
que confere aos seus episódios aparentemente descontínuos – e até inconciliáveis - um certo grau de coesão e coerência, uma interpretação que quer mostrar Manhattan como produto de uma teoria não-formulada, o manhattanismo, cujo programa – existir num mundo totalmente fabricado pelo homem, isto é, viver dentro da fantasia – era tão ambicioso que, para se tornar realidade, nunca podia ser enunciado abertamente.6 (KOOLHAAS, 2008, destaque original)
Nesse sentido, é também um aspecto comum a essas três publicações, que tomam como ponto de partida uma cidade específica no cenário norte-americano, propor abordagens críticas do urbano que, no lugar de lançar novas bases utópicas, a partir de uma távola rasa funcional-racionalista, buscam observar e interpretar dentro de uma realidade atravessada por uma forte componente comercial os aspectos estruturantes por meio dos quais seja possível analisar as intervenções realizadas – no caso específico do manifesto retroativo de Koolhaas – ou balizar aquelas futuras.
A formulação retroativa do programa de Manhattan é uma operação polêmica. Ela revela uma série de estratagemas, teoremas e rupturas que fornecem uma lógica e um padrão para a atuação da cidade no passado, e cuja validade constante é, em si mesma, um argumento em favor de um segundo advento do manhattanismo, agora como doutrina explícita capaz de transcender a ilha de suas origens e reivindicar seu lugar entre os urbanismos contemporâneos. Tendo Manhattan como exemplo, este livro é um projeto para uma “cultura da congestão”. (KOOLHAAS, 2008, destaque original)
A abordagem, até certo ponto elogiosa, por parte dessas três publicações com relação às cidades escolhidas como objeto de estudo, coloca-as igualmente num conjunto de obras entendidas como populistas, no sentido de que elas legitimam o modo como operam essas paisagens urbanas conformadas, predominantemente, segundo um imaginário de sociedade de consumo, uma cultura de massa e uma lógica de mercado financeiro, e incorporaram esses procedimentos como intrínsecos ao urbanismo contemporâneo.
A crítica das paisagens urbanas comerciais/financeiras nos Estados Unidos – entre defensores e críticos –, promovida por esse conjunto de publicações, permite a localização no debate americano crítico ao modernismo que é alimentado, como visto no primeiro momento de conformação da nebulosa do PI “Aprendendo com Las Vegas”, por outras fontes provenientes de um debate de cunho predominantemente arquitetural: além daquelas publicações já mencionadas no estudo do primeiro momento da nebulosa, acrescentam-se ao debate pós-moderno americano o decreto de falência da arquitetura moderna por Peter Blake em Form follows fiasco, de 1977, e, posteriormente, a defesa de regionalismo crítico por Kenneth Frampton no artigo “Towards a critical regionalism”, publicado em 1983, na coletânea The anti-aesthetic: essays on postmodern culture, editada pelo crítico de arte americano Hal Foster.
Em Form follows fiasco, Blake abandona a postura apologética de God’s own junkyard, ironiza a máxima funcionalista form follows function (a forma segue a função) e propõe o uso das formas presentes na “memória coletiva” usuais na linguagem histórica da arquitetura, porém de maneira revisitada; esta ideia já havia sido defendida pelo arquiteto Aldo Rossi em seu livro A arquitetura da cidade (1966). Para Blake, o urbanismo moderno falhou e
a razão principal é muito simples. O protótipo moderno ideal – as Cidades Radiosas de Le Corbusier ou os Siedlungen da República de Weimar – foram diagramas bem intencionados que se adequavam à assustadora mecanização iminente e à automação da vida urbana no século XX. Foram diagramas dimensionados para a era do automóvel, ao invés de organismos dimensionados para as necessidades do homem. [...] O que falta a estes bem-intencionados diagramas de Cidades Ideias é algo tão óbvio que escapou aos olhos dos observadores mais críticos. O que está faltando é a rua, que é o mais vibrante, excitante, irritante e, ainda, o mais estimulante dos espaços abertos. Ela foi substituída por parques (OK aos domingos), por praças (OK para protestos e discursos públicos), por áreas de recreação (guetos para crianças) e por shopping centers (OK para os donos de supermercados; não tão OK para seus clientes).7 (BLAKE, 1977, destaques originais)
Enquanto Blake elabora sua crítica com a clareza incisiva de um panfleto, Frampton busca fundamentar o termo “regionalismo crítico” em Towards a critical regionalismem> (1983), pelos arquitetos e críticos Alexander Tzonis e Liane Lefaivre, que, por sua vez, foram influenciados pelos escritos de Lewis Mumford nos anos 1940. Além destas referências, influenciam não somente este ensaio, como também outras obras do autor, o pensamento de Martin Heidegger e Hannah Arendt, além da noção de “construção do lugar”, do arquiteto italiano Vittorio Gregotti. A proposição teórica do regionalismo crítico, que possibilita uma leitura da herança moderna universal em conciliação com aspectos locais, foi incorporada ao livro de Frampton História crítica da arquitetura moderna (1980), anteriormente mencionado no primeiro momento da nebulosa de “Aprendendo com Las Vegas”, nas edições posteriores à publicação de Towards a critical regionalism. A categoria de análise proposta por Frampton procurava considerar o “respeito ao sítio” – implicado na abordagem de Aprendendo com Las Vegas –, mas desvia da direção do popular comercial adotada por Venturi, Scott-Brown e Izenour, por ele considerada como populismo, para a direção do popular vernacular.
É possível que o regionalismo crítico, enquanto estratégia cultural, seja tanto um portador da cultura mundial quanto um veículo da civilização universal. [...] [A] prática do Regionalismo Crítico depende de um processo de dupla mediação. Em primeiro lugar, deve ‘desconstruir' o espectro geral da cultura mundial que ele inevitavelmente herda; e em segundo lugar, deve alcançar, através da contradição sintética, uma crítica evidente da civilização universal.8 (FRAMPTON, 1983)
Nesse sentido, Frampton se coloca num lugar de revisão crítica do moderno que não foi identificada nas demais publicações vistas nesse segundo momento da nebulosa, mais marcadamente críticas ao moderno. Esse ensejo de conciliação é compartilhado com outros teóricos e críticos europeus, de cuja tradição Frampton se mostra próximo. Uma tradição que, aliás, tem espaço de circulação e adesão nos Estados Unidos, como se verifica na coletânea de textos Meaning in architecture, organizada por George Baird e Charles Jencks em 1969, cujos autores incluem Françoise Choay, Gillo Dorfles, Geoffrey Broadbent, Reyner Banham, Martin Pawley, Kenneth Frampton, Aldo van Eyck, Paul Parin, Fritz Morgenthaler, Christian Norberg-Schulz, Joseph Rykwert, Alan Colquhoun e Nathan Silver, além de ambos os editores. O conjunto de textos dedica-se à discussão sobre a semiologia aplicada à arquitetura. Teve sua gênese quando três dos artigos que integram a compilação final foram publicados em uma edição da revista inglesa Arena – Architectural Association Journal (n. 83, jun. 1967), organizada por George Baird e Charles Jencks. A obra se configura como uma tribuna aberta: cada um dos autores tem a possibilidade de questionar e defender a sua visão dentre as diversas posições apresentadas. Não se faz a defesa de um ponto de vista único, mas uma elaboração teórica plural, em que críticas e réplicas acompanham o corpo dos artigos-base. Os editores argumentam que,
por um lado, existe uma crise generalizada sobre certos tópicos como revolução e transformações dentro da arquitetura (alguns autores propondo a eliminação total da “arquitetura”) e, por outro, existe uma crise mais específica sobre a relevância do “significado na arquitetura” (ou melhor, dos “significados”). Como estas questões são atuais e de modo algum parecem estar resolvidas, seguimos uma via distinta daquela proposta por outros livros. Em vez de isolar os grupos uns dos outros pra chegar a uma exposição monolítica e coerente, procuramos intencionalmente aqueles pontos de vista que estão em contradição com o nosso e dos demais autores. Uma coisa é discutir o pluralismo e a sociedade aberta, já outra é se engajar ativamente com a crítica e sempre expor suas ideias mais estimadas ao ataque dos adversários: a primeira é um exercício amigável e moderado, enquanto a segunda é um exercício prático de reconstrução do próprio ego. (JENCKS, 1969)
Na mesma data de publicação de Meaning in architecture, é publicado também o primeiro número da revista Contraspazio. Na pluralidade de Meaning in architecture, identificou-se alguns autores que dialogam com essa cena europeia que circula nas revistas italianas, marcada pelo neorracionalismo, uma interpretação crítica que revisa o movimento moderno, reconhecendo nele importantes pontos de apoio e continuidade. Ao contrário de qualquer elogio ao urbanismo comercial, na Europa italiana predomina uma crítica ferrenha à cultura de massa e à sociedade de consumo, como fica visível na teoria crítica que circulou não somente em Contraspazio, mas em outras revistas a ela contemporâneas, como Casabella-continuitá.
Momento 3 da nebulosa PI Las Vegas
Num terceiro momento de conformação da nebulosa em torno do PI “Aprendendo com Las Vegas”, o foco de ação foi dedicado a adensar o debate já iniciado e inaugurar, ainda, um momento de pesquisa dessa nebulosa que evidenciasse o lugar da imagem dentro desse mesmo debate.
Figura 3: Nebulosa manual, produzida em grupo (2015). Fonte: Arquivo dos autores.
Figura 4: Nebulosa manual, produzida por Leandro Cruz (2015). Fonte: Arquivo dos autores.
O estudo dos verbetes que compunham, até final de 2015, a nebulosa em torno do PI “Aprendendo com Las Vegas” dá a ver essa nebulosa como uma seara fortemente atravessada pelo uso da imagem como ferramenta de estudo do urbano ou como lugar de problematização da cidade. No livro Aprendendo com Las Vegas, por exemplo, o uso da fotografia não é exclusivamente ilustrativo, de modo que, ao serem combinadas segundo diferentes aspectos de análise, as imagens são exploradas como instância de pensamento sobre a variabilidade característica do espaço construído. Venturi, Scott-Brown e Izenour recorreram à fotografia de Edward Ruscha, do eixo viário denominado Sunset, em Los Angeles, para reconstruir a experiência da strip em Las Vegas: a longa extensão da via e a variação das fachadas de acordo com o trecho urbano da via são remontadas na tradução visual que Ruscha propõe para a experiência da strip.
Edward Ruscha publicou – além de Everybuilding in the Sunset Strip (1966), onde os autores de Aprendendo com Las Vegas encontram a inspiração para algumas das montagens que apresentam no livro – mais 10 livros, de 1961 a 1972 dentre os quais pelo menos 5 tematizam diretamente o espaço construído por meio da fotografia. Essa dedicação de Ruscha ao espaço construído, à cidade e ao urbano será uma postura cada vez mais frequente em várias propostas visuais, sobretudo fotográficas, a partir da década de 1960. Foi considerando essa tônica visual, possível de ser acessada dentro do debate levantado por Aprendendo com Las Vegas, até então pouco explorada por meio deste Ponto de Inflexão, que a nebulosa foi revisitada no final de 2015 e foi, então, incluído, na lista de verbetes para serem realizados, um verbete referente às publicações de Edward Ruscha concernentes ao ambiente construído, sobretudo aquela diretamente referenciada em Aprendendo com Las Vegas: Everybuilding in the Sunset Strip.
Além deste verbete, foram igualmente incluídos na lista de prioridades um verbete sobre a exposição fotográfica American Surfaces, de Stephen Shore, e verbetes sobre as obras Homes for America e Video Projection Outside Home, ambas de Dan Graham, que também exploram o ambiente construído do subúrbio americano – tema central a toda discussão que reverbera a partir de Aprendendo com Las Vegas. Em American Surfaces, Stephen Shore, que havia trabalhado com Andy Warhol durante a década de 1960, coloca em foco o cotidiano e a banalidade, privilegiando registros de edificações produzidas segundo um sistema de produção popular e comercial nos Estados Unidos. Essa exposição acontece entre 1971-1972 no Metropolitain Museum em Nova York e provoca reações enfurecidas, não somente pelo referente banal das imagens, como também pelo modo como as fotografias são apresentadas: mais de 200 imagens 10 cm x 15 cm, pregadas na parede. Stephen Shore é o mesmo artista que Denise Scott-Brown e Robert Venturi convidaram para realizar a exposição Signs of Life – objeto de um verbete realizado no primeiro momento da nuvem em torno de Aprendendo com Las Vegas.
Além desse debate do campo visual, que emerge da nuvem de “Aprendendo com Las Vegas”, nesse momento de revisão da nebulosa buscou-se também dar continuidade à produção de verbetes relativos às frentes de trabalho já estabelecidas, privilegiando o debate com outros pontos de inflexão. Nesse sentido, o verbete sobre o Complexo Residencial Monte Amiata, mais conhecido como Conjunto Gallaratese, de Aldo Rossi, produzido também nesse período da pesquisa, reforça a preocupação da equipe em tratar das reverberações do debate levantado por Aprendendo com Las Vegas em outros contextos. Por meio desse verbete, coloca-se em evidência o debate antitético que o PI “Aprendendo com Las Vegas” estabelece com o racionalismo italiano, o qual propõe somente indiretamente relações com pré-existências, por meio de uma abordagem analógica que faz uso de tipologias arquitetônicas modernas (fascistas) e de tipos espaciais (galeria, corredor).
Sobre o esforço para ampliar o debate em torno de Aprendendo com Las Vegas para suas reverberações no Brasil, conforme demanda apresentada anteriormente, foram incluídos os verbetes sobre as publicações Arquitetura kitsch suburbana e rural e Arquitetura de motéis cariocas, ambos de Dinnah Guimarães e Lauro Cavalcanti, e sobre o Jornal 3 Arquitetos, um informativo do escritório de Sylvio de Podestá, Éolo Maia e Jô Vasconcellos.
III. Aberturas para novas discussões
A partir de meados de 2016, dá-se uma nova estruturação às atividades dentro da Cronologia, onde os atuais cinco Pontos de Inflexão são ampliados e reestruturados em três grandes eixos:
- MODERNO – coordenado por Paola B. Jacques – com os PIs: Team X; Concurso de Brasília; e Exposição Brazil Builds;
- PARTICIPAÇÃO – coordenado por Thais Rosa – com os PIs: Plano Estratégico de Barcelona; Brás de Pina; Vila Nova Cachoeirinha;
- POPULAR – coordenado por Junia Mortimer – com os PIs: Learning from Las Vegas; Museu de Arte Popular; Regionalismo Crítico.
Dentro da grande discussão em torno do Popular, por entender que o tema tensiona a discussão entre o popular vernacular e o pop comercial, o desafio, no momento, colocado ao PI “Aprendendo com Las Vegas”, é experimentar as possíveis articulações com os debates próprios do Museu de Arte Popular (MAP) em Salvador, tomando como ponto de partida a criação deste museu em 1963 por Lina Bo Bardi, e do regionalismo crítico, tomando como ponto de partida a categoria conceitual lançada por Kenneth Frampton em 1983. Essa estratégia de incluir dois novos pontos de inflexão para conformar um debate em torno do popular, a partir de Aprendendo com Las Vegas, MAP e regionalismo crítico, visa a dar ênfase às questões que emergem no estudo do popular em diferentes contextos e segundo diferentes pontos de vista, colocando em evidência suas matizes, suas declinações, bem como as tensões de universal e local que estão aí implicadas.
Notas
1 Os verbetes realizados inicialmente consistiam de: Publicações: God’s own junkyard (1963), de P. Blake, Complexity and contradiction in architecture (1966), de R. Venturi, A significance for A&P parking lots (1968), de R. Venturi e D. Scott-Brown, La speranza progettuale (1970), de T. Maldonado, Learning from Las Vegas (1972), de R. Venturi, D. Scott-Brown e S. Izenour, Body, memory, and architecture (1977), de K. Bloomer e Charles Moore, Collage City (1978), de C. Rowe e F. Koetter, Modern architecture e Towards a critical regionalism (1983), de K. Frampton, e Progetto e utopia (1973), de M. Tafuri; Eventos: exposição Another Chance for Housing (1973), exposição Deconstructivist Architecture (1988) e exposição Favelas Upgrading, na VII Bienal de Veneza (2002); Obras: projeto Exodus (1972) e projeto Metacity/Datatown (1998); e um Fato Relevante: o primeiro número da revista italiana Contraspazio (1969).
2 Conferir verbete Robert Venturi publica Complexity and Contradiction in Architecture, disponível em: (http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1469).
3 Conferir verbete Tomás Maldonado publica “La Speranza Progettuale: Ambiente e Società”, disponível em: (http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1515).
4 Conferir verbete Kent Bloomer e Charles Moore publicam “Body, Memory, and Architecture”, disponível em: (http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1522).
5 Conferir verbete Reyner Banham publica “Los Angeles: The Architecture of Four Ecologies”, disponível em: (http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1410).
6 Conferir verbete Rem Koolhaas publica “Delirious New York: A Retroactive Manifesto for Manhattan”, disponível em: (http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=170).
7 Conferir verbete Peter Blake publica “Form Follows Fiasco: Why Modern Architecture Hasn't Worked”, disponível em: (http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=160).
8 Conferir verbete Kenneth Frampton publica “Towards a Critical Regionalism”, disponível em: (http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1517).
Referências
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Revisão do texto: Osnildo Adão Wan-Dall Junior